O mais importante para o Brasil conseguir atrair investimentos e, com isso, melhorar as condições econômicas é passar ao mercado a mensagem de que a política fiscal tem credibilidade, afirmou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
“É impossível para qualquer banco central do mundo fazer trabalho de segurar expectativas [de inflação] com fiscal descontrolado. Quando entrei eu brincava dizendo que não era piloto, eu era passageiro, piloto era o fiscal”, disse ele durante o 4o Encontro Folha Business, da Folha de Vitória.
“A coisa mais importante num país que tem nível de dívida que Brasil tem, que flertou com esse problema muitas vezes, é passar mensagem de credibilidade fiscal. É o que vai permitir ao Banco Central fazer o trabalho com menor nível de juros e maior eficiência”, afirmou.
Campos Neto mencionou que essa “mensagem de credibilidade” chegou a ser transmitida e aceita pelos investidores e que isso teve efeito sobre a taxa de câmbio, com o dólar chegando a cair para menos de R$ 5 em decorrência da entrada de capital externo, mas que isso mudou por causa dos ruídos sobre novos gastos públicos com potencial para afetar a trajetória da dívida.
Segundo o presidente do BC, “algumas notícias, como a dos precatórios, qual vai ser o novo Bolsa Família, criaram ruído” a respeito da percepção de que a trajetória fiscal estava melhorando – visto que até então a dívida bruta tinha crescido bem menos do que o inicialmente previsto. “Passou a ter risco que fiscal não esteja melhorando tanto”.
Gustavo Nicoletta / Agência CMA (g.nicoletta@cma.com.br)
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