A sexta-feira foi marcada pela instabilidade desde o início da sessão, com o dólar comercial encerrando a R$ 5,2360, subindo 0,36%. Isso se deve ao anúncio de empregos criados nos Estados Unidos, que foi acima da expectativa, além dos já recorrentes problemas políticos e fiscais internos que preocupam o mercado.
Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “a questão fiscal preocupa mais do que a política, já que é cheia de incertezas”. Ele também ressalta quer a mudança de postura do ministro da Economia, Paulo Guedes, que passou a zelar menos pela austeridade fiscal, também preocupa o mercado.
“O aumento da taxa básica de juros (Selic) era para ter valorizado o real, mas os números do payroll, nos Estados Unidos, vieram muito fortes”, explica Vieira.
“Os dados de mercado nos Estados Unidos foram extremamente fortes, tendo um efeito global”, analisa o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont. Além disso, rumores internos também contribuíram: “Começaram a surgir highlights, dizendo que a equipe econômica está pressionando temas como o Refis e Precatórios. Isso ajudou o real a performar na última hora perante seus pares emergentes como o peso mexicano e rublo (Rússia)”, contextualiza.
Já o economista da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, classifica o mercado desta sexta como “errático”: “A tensão política tem sido muito grande, principalmente com o teto dos gastos e a briga entre os Poderes. Se o cenário interno diminuir a pressão, temos condições de valorizar o real”, pontua.
A economia dos Estados Unidos criou 943 mil postos de trabalho em julho e a taxa de desemprego caiu para 5,4%, de 5,9% em junho. O número de vagas criadas ficou acima da projeção dos analistas, que esperavam abertura de 875,5 mil vagas. A taxa de desemprego veio abaixo da previsão, de 5,6%. Os dados foram divulgados pelo Departamento do Trabalho do país e as estimativas foram levantadas com analistas pela Agência CMA.
No âmbito político, o presidente do STF cancelou a reunião que pretendia fazer com o presidente Jair Bolsonaro e com os chefes do Legislativo, alegando que os ataques do presidente da República a integrantes da corte anulam o espaço para diálogo entre os Poderes.
Segundo o analista da Aware Investments, Aldo Filho, “qualquer ruído político é ruim para a imagem do País, e acaba tendo um impacto generalizado. Esse embate atrapalha a recuperação brasileira, fazendo com que a gente continue patinando”. Ele acrescentou que o dólar pode apresentar volatilidade durante o pregão.
Paulo Holland / Agência CMA
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