A Bolsa fechou em alta em um dia de muita volatilidade entre altas e baixas. Na segunda metade do pregão, a Bolsa melhorou o desempenho e passou a subir puxada pelas ações da Vale, bancos e Petrobras e comentário do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) indicando que o teto de gastos não seria rompido. A forte queda da manhã foi atribuída à preocupação dos investidores com os riscos fiscal e político.
O principal índice da B3 apontou ganho 0,86%, aos 123.576,56 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto subiu 0,44%, aos 123.730 pontos. O volume financeiro foi de R$ 31,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
Para Viviane Vieira, operadora de renda variável da B.Side Investimentos, o comportamento do mercado hoje com volatilidade entre altas e baixas “é normal devido ao risco político”. Mas acredita que “a melhora foi por conta das falas de Arthur Lira [presidente da Câmara dos Deputados], que apontou a possibilidade de não romper com o teto de gastos”.
Outro fator que contribuiu para a alta da Bolsa foi o desempenho favorável do setor financeiro. “Os bancos voltaram a subir forte , principalmente o Itaú junto com a Vale”.
Viviane comentou que “a principal preocupação é o teto de gastos e seria um risco muito grande se extrapolar o teto”. Ela questionou como será o comportamento do ministro da Economia, Paulo Guedes, em relação ao assunto com as falas para o mercado.
Embora a Bolsa apresentado recuperação, ela acredita que a pauta do teto de gastos “deve continuar e manter a volatilidade do mercado”.
Os papéis de forte peso no índice fecharam em alta. Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 1,68,% e 1,66%, respectivamente. As ações da (VALE 3) avançaram 3,40% e bancos, como Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e Itaú (ITUB 4) valorizaram 0,67% e 0,57% e 0,98%, nessa ordem.
Amanhã, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decide sobre a taxa básica de juros do País (Selic). Viviane aposta em um aumento de 1 ponto porcentual na Selic. “É o mais esperado pelo mercado e o mais prudente tendo em vista a inflação mais alta”, comentou.
Para Flavio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos, na sessão de hoje é de volatilidade e “o assunto que domina o mercado é a questão fiscal”. Ele explicou que o benefício médio do Bolsa família atualmente é de R$ 250 e existe a possibilidade de um aumentou para R$ 400. “Essa mudança aumentaria bastante as despesas do governo em um momento que o quadro fiscal está muito fragilizado”. Outro ponto destacado por Oliveira são os precatórios. “Postergar as dívidas federais nunca não é bem vista pelo mercado”.
Segundo Flavio Conde, head de renda variável da Levante Ideias de Investimentos, a queda forte no Ibovespa é atribuída ao ambiente político e fiscal. “O fato do governo não pagar os gastos e os rumores do aumento do Bolsa Família, além do fundo que o governo quer criar para pagar os precatórios preocupam o mercado”, afirmou .
Conde comentou que a Bolsa era para subir mais de 1%, mas a parte fiscal atrapalha. “Justamente agora deveríamos estar comemorando a reabertura da economia, os resultados positivos das empresas o minério subindo, mas estamos focados no governo federal”.
O head de renda variável da Levante Ideias enfatizou que “a agenda do governo passou a ser para encontrar verba para beneficiar o Bolsa Família e se preocupar com a reeleição para 2022”. Ele afirmou também que a fala de Christopher Walter, membro do Fed, dizendo que a redução de estímulos pode começar em outubro também impactou negativamente nos mercados. “Acredito nessa redução só em 2022”, ressaltou Conde.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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