Após quatro sessões em ascensão, os juros futuros apresentaram um pequeno alívio nesta sexta-feira, influenciados pelo recuo dos Treasuries, porém, no fechamento, a queda das taxas demonstrou sinais de esgotamento. Mesmo com a persistência em níveis preocupantes, os Yields americanos cederam, permitindo um respiro na curva local, que também foi beneficiada pela melhora no câmbio. A movimentação política em Brasília trouxe esperança para a pauta de reformas, contribuindo para o desempenho positivo da curva doméstica. A semana registrou um ganho de inclinação, com as taxas de prazo mais longo subindo significativamente mais em função da aversão ao risco no exterior e da piora na percepção do risco fiscal.
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No fechamento:
- Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 estava em 12,435%, levemente abaixo dos 12,438% de ajuste no dia anterior;
- DI para janeiro de 2025 permaneceu estável em 10,53%;
- DI para janeiro de 2027 apresentou taxa de 10,34%, sem variação em relação ao ajuste anterior;
- DI para janeiro de 2029 registrou taxa de 10,85%, ante os 10,88% anteriores.
China em foco e medidas de estímulo no radar
A China retomou destaque com o pedido de falência da incorporadora Evergrande, gerando preocupações sobre o setor imobiliário do país. Simultaneamente, o governo anunciou detalhes sobre um pacote de medidas para fortalecer os mercados acionários e de títulos, visando impulsionar a confiança dos investidores. Essa movimentação fortaleceu as commodities, pressionando o dólar para baixo em relação às moedas de países exportadores emergentes. No mercado brasileiro, o dólar à vista encerrou a R$ 4,9680.
Tentativa de ajuste nas taxas brasileiras
Com a melhora da taxa de câmbio e o declínio nas taxas dos EUA, houve uma tentativa de ajuste nas taxas de juros brasileiras, que estavam em alta desde o início da semana. No entanto, essa trajetória de queda mostrou-se frágil, e as taxas encerraram a sessão mais próximas da estabilidade, refletindo também uma dose de cautela com a proximidade do final de semana. “É um movimento pontual, sem grande vigor, dada a persistência dos problemas no exterior. O ‘flight to quality’ para os Treasuries continua forte e prejudica os mercados emergentes”, explicou André Alírio, gerente de Renda Fixa e Distribuição de Fundos da Nova Futura Investimentos.
Perspectivas políticas e econômicas
Enquanto as incertezas no cenário internacional sugerem uma postura defensiva nos próximos dias, há uma percepção um pouco mais otimista sobre as pautas econômicas em andamento no Congresso brasileiro. Com as tensões entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aparentemente superadas e a reforma ministerial tomando forma, há expectativas de que tanto a reforma tributária quanto o arcabouço legal avancem no Congresso.
Movimentos futuros e cenário de cautela
A semana encerra com a perspectiva de uma postura mais construtiva em relação às questões econômicas internas, enquanto incertezas no âmbito externo influenciam uma postura defensiva dos investidores nos próximos dias. A agenda política promete desdobramentos importantes, com a possibilidade de discussões sobre o arcabouço legal e a reforma tributária, além da leitura do relatório do projeto de lei que altera as regras do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Os investidores monitoram atentamente esses movimentos em busca de oportunidades.
Imagem: Freepik