A gigante mineradora Vale está avaliando a possibilidade de realizar uma distribuição extraordinária de dividendos no montante de US$ 2,4 bilhões. Esse movimento ocorre devido à venda de uma parcela de sua unidade de metais básicos, uma ação que, segundo o BTG, ainda não foi totalmente incorporada aos preços.
O banco aponta que a Vale demonstra otimismo em relação ao desenvolvimento de ativos de cobre no Brasil, especialmente próximo de Carajás, aguardando aprovação do Conselho para prosseguir com esses planos.
- Tem um grupo seleto de leitores do Monitor do Mercado que recebe informações, recomendações e análises de investimento diretamente no WhatsApp. É muito mais do que está disponível no site e, melhor, em tempo real. Quer entrar para a turma? Clique aqui.
A mineradora reafirma seu compromisso com retornos de caixa sólidos, destacam os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner. O BTG, ao revisar suas estimativas, revela que a ação da Vale está negociando com uma relação de quatro vezes entre o Valor da Empresa (EV) e o EBITDA, com um rendimento do fluxo de caixa livre de 9%. Os especialistas acreditam que a empresa pode distribuir entre 10% a 12% de rendimento aos acionistas por meio de dividendos e recompra de ações.
BTG destaca potencial de valorização de 46,7% para ADRs da Vale
“Uma oportunidade concreta de dividendos especiais de US$ 2,4 bilhões” é destacada pelos analistas do BTG, apoiada pela subvalorização da Vale Base Metals (VBM) e seu potencial de crescimento. O banco reafirma sua recomendação de compra para os ADRs da Vale, estabelecendo um preço-alvo de US$ 18 para o período de 12 meses, o que indica um potencial de valorização significativo, de 46,7%. As assimetrias observadas no valor da ação, que atualmente está abaixo das mínimas durante o período de lockdown, bem como na capitalização de mercado de aproximadamente US$ 50 bilhões (metade disso relacionada à Vale Base Metals), são ressaltadas como oportunidades para os investidores.
A Vale registrou um notável feito ao obter um preço excelente por sua divisão de metais básicos, com um múltiplo de 10 vezes o EBITDA projetado para 2023, afirmam os analistas. Embora a empresa demonstre confiança nas perspectivas de desenvolvimento dos ativos de cobre no Brasil, particularmente em Carajás, a aprovação do Conselho ainda é um passo necessário. Os especialistas do BTG sugerem que após a conclusão do negócio, existe a possibilidade de uma distribuição de dividendos extraordinários no valor de US$ 2,4 bilhões, que ainda parece não ter sido plenamente precificado.
Durante um road show que abrangeu Londres, Boston e Nova York, executivos da Vale foram acompanhados pelos analistas do BTG em meio a um período de elevada volatilidade e inquietações. Os dados indicam que a demanda estável por minério de ferro na China, apesar do colapso no mercado imobiliário, contribui para a manutenção dos preços da commodity acima de US$ 100 por tonelada.
O BTG relata que, após superar os desafios do primeiro semestre, a confiança na melhoria da produção, embarques e eficiência de custos da Vale está mais sólida. Chuvas intensas no início do ano prejudicaram a atividade da empresa, afetando o terminal de Ponta da Madeira em São Luís do Maranhão, por onde escoa o minério.
A Vale reconhece a existência de ceticismo quanto à execução de seus planos, mas expressa confiança na redução do custo C1 (que engloba mina, ferrovia e porto) para a faixa de US$ 20 a US$ 21 por tonelada até o final do ano. Apesar do ajuste para cima no guidance de C1 para US$ 21,50 a US$ 22,50 por tonelada anunciado em julho, a gestão afirma que os custos estão alcançando o pico. A melhoria nos volumes do projeto S11D está prevista para ajudar a diluir os custos no futuro.
O BTG coloca em foco o desafio da Vale em convencer o mercado de sua capacidade de elevar a produção de minério de ferro de 310 milhões de toneladas para a faixa de 340 a 360 milhões de toneladas até 2026. A empresa está trabalhando em conjunto com as autoridades para acelerar os processos de licenciamento e se mantém “cautelosamente otimista” sobre a aprovação da nova Lei das Cavidades, que pode aprimorar os planos de mineração em Carajás.
Os analistas do BTG enfatizam que a Vale permanece como uma das opções preferenciais para exposição à reaceleração da economia chinesa, enquanto o governo busca atingir sua meta de crescimento de aproximadamente 5% ao ano.
Imagem: Divulgação