A Bolsa tentou, mas não conseguiu encerrar no positivo. O Ibovespa fechou em queda pela 12 sessão consecutiva e no patamar dos 115 mil pontos, visto a última vez em junho, seguindo o exterior após a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de julho vir mais hawkish [dura] que o mercado esperava.
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No documento, os membros disseram que estão preocupados com a inflação e indicam que os juros podem aumentar, mas ficam as incertezas que isso pode trazer para a economia do país.
O Ibovespa passou praticamente todo o pregão em alta sustentado pelas ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) e na final dos negócios passou a cair. Os papéis da Petrobras (PETR 3 PETR4) subiram 2,92% e 2,20%.
O principal índice da B3 caiu 0,49%, aos 115.591,52 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 0,48%, aos 116.355 pontos. O giro financeiro foi de R$ 40 bilhões. Na máxima do interdiário, o índice atingiu 117.337,65 pontos. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a ata do Fed veio com um “tom bem hawkish, com vários membros pontuando que o risco de inflação ainda é eminente e sinalizam que isso pode requerer novos aumentos de juros, o impacto foi direto no mercado com as treasuries subindo e derrubando as bolsas aqui e lá fora”.
Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, ressaltou alguns pontos importantes da ata divulgada mais cedo. “Alguns dirigentes consideram a inflação mais alta e disseram que são necessárias mais evidências para acreditar que os preços estão perdendo força, a maioria diz que os riscos de inflação podem pedir eventuais aumentos de juros, a desaceleração gradual da atividade parece estar acontecendo e o mercado de trabalhado segue apertado, apesar de sugerir melhor equilíbrio da demanda, os próximos dados econômicos serão fundamentais para decidir os próximos passos do Fed”.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, disse que a ata do Fed trouxe detalhes em relação ao cenário econômico dos Estados Unidos. “Os diretores seguem preocupados com o cenário inflacionário, apesar de considerarem a desaceleração da inflação corrente; eles citam a possibilidade de um aperto adicional para garantir essa convergência da inflação e que isso representaria uma queda adicional para a atividade econômica; o mercado fez uma leitura de mais um aperto monetário neste semestre com as taxas para um patamar entre 5,50% -5,75%; mais o mercado reduziu um pouco essa probabilidade. Os dirigentes ainda vão acompanhar os dados de inflação e mercado de trabalho”.
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, disse que as ações de peso puxam o Ibovespa, mas a China segue no radar. “O teto de Bolsa é entre 116 mil e 117 mil pontos e tem um ajuste com leitura de preços mais justos para Petrobras, Vale e bancos e ajudam o Ibovespa; o mercado está precificando o desentendimento entre Lira e Haddad e compromete o arcabouço fiscal, devemos ficar de olho na China porque influencia muito no Brasil [China é maior parceiro comercial do Brasil], os investidores estão perdendo confiança no país em meio aos dados ruins de sua economia”.
Velloni disse que a ata do Fed não deve mexer com o mercado. “O Fed vai deixar em aberto sobre os números, mas deve sinalizar pausa nos juros”.
Segundo analistas da Commcor Corretora, o foco do mercado ficará para a economia norte-americana. “Na ata do Federal Reserve, os investidores querem ver como foi a discussão dos dirigentes no último encontro e saber quais os próximos passos da política monetária do país, além disso, ficam atentos aos dados do setor industrial com expectativa de crescimento de 0,3% em julho contra a queda de 0,5% registrada no mês anterior”.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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