O aumento nos preços de bens no Brasil foi mais acentuado que o observado em outros países e pode ser revertido no futuro, tornando-se um risco negativo no cenário de inflação, afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) na ata de sua reunião mais recente.
“O Copom notou que a inflação de bens comercializáveis no Brasil foi superior à observada em vários de seus pares e que esse processo pode se inverter no futuro, criando um novo risco baixista para a inflação. O recente aumento do peso de itens comercializáveis no índice de inflação aumentaria a relevância desse evento”, disse o grupo no documento.
O Copom, porém, apontou que considerando o cenário básico para a economia e os preços e o balanço de riscos de inflação, será possível manter a alta de preços na economia dentro da meta para 2022 – 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos -, desde que os juros subam sem interrupção para um nível considerado neutro (em que não estimulam nem restringem o crescimento econômico).
Na avaliação do Copom, apesar de um aumento na intensidade da pandemia desde março, “os últimos dados disponíveis continuam surpreendendo positivamente” e no segundo semestre deste ano deve haver uma “retomada robusta”, conforme avançar a vacinação contra a covid-19.
“O Comitê notou que a mediana das projeções de crescimento, segundo a pesquisa Focus, sofreu revisões significativas e passou a ser mais otimista do que as do seu cenário básico. O Comitê também avaliou que os riscos baixistas para a inflação oriundos de fatores que podem afetar a recuperação econômica reduziram-se significativamente.”
Para o Copom, a ociosidade da economia deve voltar rapidamente aos níveis observados no final de 2019, mas a pandemia continuará “produzindo efeitos heterogêneos sobre os setores econômicos, com consequências para a dinâmica recente e prospectiva da inflação”.
Gustavo Nicoletta / Agência CMA (g.nicoletta@cma.com.br)
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