O Ibovespa teve uma sessão de muita volatilidade entre perdas e ganhos em que os investidores ainda reagiram à postura mais hawkish [tom mais duro no jargão do mercado] do banco central norte-americano na quarta-feira. Somado a isso, hoje é dia de exercício de opção e agenda vazia de indicadores aqui e lá fora.
O principal índice da B3 encerrou o pregão com leve alta de 0,27%, aos 128.405,35 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto fechou em queda de 0,37%, aos 128.810 pontos. O volume financeiro foi de R$ 43,7 bilhões.
O analista Gustavo Bertotti, analista da Messem Investimentos, comenta que o Brasil e mercados globais desaceleraram e entraram em cenário de correção “a mudança de postura do Fed [banco central norte-americano] impactou o Ibovespa e o mercado global”.
Bertotti comenta que “a agenda vazia e o exercício de opções contribuem para essa volatilidade”.
Na visão de Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, essa volatilidade está atribuída “ao exercício de opções e a volatilidade expressiva no exterior”, comenta. Ele afirma que “ainda o mercado reage à decisão do banco central norte americano, na quarta-feira, mas não acredita que o aumento de juros venha logo”.
Para Zuffo, a votação da medida provisória (MP) que autoriza a privatização da Eletrobras, na véspera, pelo Senado, tem maior impacto nas empresas ligadas à energia. “Afeta mais o setor elétrico e a Eletrobras, em especial”, enfatiza”.
A aprovação MP da Eletrobras pelos senadores apresenta vários “jabutis”- textos estranhos ao original- e voltará para a Câmara dos Deputados para nova votação, prevista para a próxima segunda-feira. A MP caduca na terça-feira, dia 22 de junho. “Essa aprovação foi apertada, mas acabou dando uma percepção para o mercado da força do governo e na capacidade de entregar uma votação tão difícil”, afirma Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos. As ações da estatal (ELET3 e ELET4)
dispararam em 9,00% e fecharam em alta de mais de 5%.
Os bancos, que têm um dos maiores pesos na Bolsa, tiveram queda expressiva na sessão de hoje. Uma fonte que não quis se identificar comentou que o recuo “pode ter relação com a ação que a AEB moveu contra 19 bancos acusados de manipulação no câmbio” . Ainda no setor corporativo, a Petrobras protocolou na Comissão de Valores Imobiliários (CVM), ontem à noite, a oferta pública de ações da BR Distribuidora. O valor total de oferta pode chegar a R$ 11,5 bilhões. “Vejo positivo tanto para a Petrobras como para a BR Distribuidora, mas já estava sendo previsto pelo mercado”. Os papéis da estatal (PETR3 e PETR 4) fecharam no positivo.
As ações da Vale (VALE3) subiram mais de 3,00% devido ao anúncio de pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas. E as siderúrgicas foram no embalo. Até as 17h (horário de Brasília) foram negociadas 27 milhões de ações e no leilão 32 milhões, sendo as mais negociadas no pregão de hoje, por conta do vencimento de opção.
Para o estrategista da Genial Investimentos, os ativos de risco “estão passando por uma rotação setorial” desde a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), na quarta-feira, que sinalizou que os juros poderiam subir mais cedo que o esperado. “Aos poucos, voltamos para as teses de investimentos colocadas em prática no final do ano passado, com o mercado acreditando no bom desempenho das empresas de crescimento”.
Em relação ao recuo das commodities, o estrategista acredita que o Brasil poderia ser beneficiado “por um lado, a queda das commodities acaba trazendo algo positivo porque poderia ajudar o mercado na acomodação, em parte, das suas pressões inflacionárias e auxiliar o Brasil”. Na véspera, as ações das empresas ligadas às commodities tiveram expressiva queda.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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