O Ibovespa fechou em queda pressionado pelos papéis das commodities. Perto do encerramento dos negócios, a Bolsa chegou a perder mais de 1,00% com a desaceleração mais forte das ações e o temor da inflação por parte dos investidores.
O principal índice da B3 encerrou em baixa de 0,93%, aos 128.057,22 pontos. O volume financeiro atingiu R$ 34,3 bilhões. A mínima interdiário foi de 127.576,44 pontos. Em Nova York, os índices fecharam em sentido misto.
As ações das empresas ligadas as commodities se desvalorizaram. Vale (VALE3) perderam 2,08%, Usiminas (USMI5) caíram 2,31%, Gerdau (GGBR4) baixaram 3,78% e CSN (CSNA3) retraíram 4,95%. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) também despencaram 3,07% e 3,46%, nessa ordem. O petróleo caiu mais de 1,00%.
Segundo José Claudio de Oliveira, operador de renda variável da Commor, a queda das commodities e o temor inflacionário acabam estressando o mercado. “A ressaca dos comentários em relação à inflação assusta os investidores”. Oliveira comenta que pela manhã “os bancos estavam sustentando a alta do Ibovespa, mas foram contaminados pelas commodities, principalmente Petrobras”.
Pela manhã, as ações das instituições financeiras e de seguradoras empurraram o índice para cima, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) subir a taxa de juros, na véspera, em 0,75 ponto porcentual, e elevando de 3,5% para 4,25% ao ano. O colegiado sinalizou a possibilidade de um novo aumento acima de 0,75 ponto porcentual, na reunião de agosto, caso haja pressão inflacionária.
Mas a alta não se sustentou, teve volatilidade do índice, depois passou a cair impactado pelas ações das commodities, principalmente Vale e Petrobras. Os papéis do setor também foram contaminados pelas commodities e fecharam todos em queda, com destque para o Itaú (ITUB4) que caíram mais de 1,00%.
Oliveira também chama atenção para a votação da medida provisória da Eletrobras (ELET3 e ELET6), que está em andamento no Senado. “A votação está bastante conturbada e reflete nos papéis da Eletrobras”. As ações da estatal caem mais de 3,00%.
Na visão de Davi Lellis, da Valor Investimentos, a volatilidade na Bolsa é impactada pelas ações que se beneficiam com a alta de juros e recuperação econômica como os papéis de bancos, varejo , educação. “O reaquecimento da economia puxam para cima as ações e favorecem o índice”, comenta. Na outra ponta, explica Lellis, “as ações ligadas a commodities e as exportadoras puxam o índice para baixo.
Como o Fed sinalizou uma elevação na estimativa de inflação para 2021 -de 2,4% para 3,4%- e sinalizou que o juro pode subir mais cedo que o esperado, e o Copom indicou que pode ter uma alta acima de 0,75 pp na próxima reunião, o mercado trabalha com as expectativas. “O direcionamento futuro movimenta a Bolsa”.
Somado a isso, as declarações no final da manhã da secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, também interferem no mercado. “Ela vem com um discurso pacificador afirmando que a inflação é transitória. Mas, quanto mais tempo demorar o ajuste, maior a agressividade”. Lellis comenta que os membros do Fed já não têm a mesma opinião em relação aos juros.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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