O dólar comercial fechou em queda de 0,71% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0240 para venda, no menor valor de fechamento do ano, em sessão de “ressaca” após as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), no qual adiantou que deverá subir a taxa de juros antes do previsto, e do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa Selic pela terceira vez seguida, a 4,25% ao ano, e sinalizou que deve manter o aperto monetário.
O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, comenta que a moeda trabalhou descolada do exterior, onde a divisa norte-americana operou com valorização global, em meio ao fluxo de entrada de recursos estrangeiros, reflexo das expectativas de juros mais altos no país.
“À tarde, o dólar ficou em terreno negativo, sem muitas oscilações, seguindo o ritmo de ajustes depois da decisão do Copom, após aumentar a Selic e prometer mais elevação na próxima reunião”, avalia.
A analista da Toro Investimentos, Stefany Oliveira, destaca que o dólar operou no modo “corda bamba” na primeira parte dos negócios, digerindo os sinais de alta da taxa de juros pelo Fed em 2023, e não mais em 2024, o que “surpreendeu o mercado”. Aqui, em meio à pressão inflacionária, o Banco Central (BC) adiantou que deverá subir a Selic em 0,75 ponto percentual (pp) em agosto, deixando espaço para uma elevação maior do que a mencionada.
“Enquanto nos Estados Unidos, especula-se uma alta [de juros] por lá, aqui, é uma realidade. E com a possibilidade de novas elevações da Selic, isso atrai investidores”, diz, acrescentando que a postura do BC em relação à taxa de câmbio pede ajustes. “A gente deve ver novas correções no dólar”, ressalta.
Amanhã, com a agenda de indicadores esvaziada, a analista da Toro diz que a moeda norte-americana deverá seguir “brigando” na região dos R$ 5,00. “Sem indicadores de peso, o mercado deverá seguir fazendo ajustes em relação às decisões dos bancos centrais”, finaliza.
Flávya Pereira / Agência CMA
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