O empresário Carlos Wizard faltou à audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga erros e omissões do governo no combate à pandemia de covid-19, o que levou o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), a anunciar que pedirá à polícia e às autoridades judiciais que tragam Wizard para depor.
Aziz disse que enviará ofício a um juiz criminal “para que requisite à autoridade policial apresentação da testemunha faltosa ou determinar que seja conduzido por oficial de justiça, o qual poderá solicitar auxílio da força pública. Para além destas medidas, determino que seja oficiada à Justiça Federal para que passaporte seja retido pela Polícia Federal tão logo ele ingresse em território nacional e somente lhe seja devolvido após prestação de seu depoimento nesta comissão”.
Ele criticou o fato de Wizard ter obtido habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar calado durante depoimento à CPI e não ter comparecido à reunião, afirmando que o empresário considera que obter este tipo de decisão da corte é “que nem ir na quitanda comprar bombom”.
“O que me espanta é o cidadão procurar o Supremo Tribunal Federal para conseguir um habeas corpus para vir a esta CPI para ficar em silêncio nas perguntas feitas a ele e ele não aparece. Então para que foi ao supremo se não vinha? O ministro Barroso com certeza tem muitos afazeres dentro do trabalho que tem como ministro do STF. Concede habeas corpus para Carlos Wizard, que é medida legal, respeitamos as medidas adotadas pelo STF, mas Carlos Wizard tem que entender que a justiça brasileira tem outras coisa para fazer”, afirmou.
Wizard foi mencionado ao longo da CPI como uma das pessoas que aconselhava o presidente Jair Bolsonaro a respeito de como gerenciar a pandemia de covid-19 – em particular em relação ao uso de medicamentos ineficazes, como a cloroquina, no combate à doença.
Também estava prevista para hoje audiência com Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), autor de um estudo segundo o qual o número de mortes por covid-19 estaria sendo superestimado. A audiência, porém, foi adiada por causa do início da votação da medida provisória de privatização da Eletrobras no plenário do Senado.
O relatório de Silva Marques foi mencionado pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi desacreditado pelo próprio TCU. “O documento refere-se a uma análise pessoal de um servidor do Tribunal compartilhada para discussão e não consta de quaisquer processos oficiais desta Casa, seja como informações de suporte, relatório de auditoria ou manifestação do Tribunal. Ressalta-se, ainda, que as questões veiculadas no referido documento não encontram respaldo em nenhuma fiscalização do TCU”, disse o tribunal.
Gustavo Nicoletta / Agência CMA (g.nicoletta@cma.com.br)
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