O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel indicou que vai fazer acusações ao governo federal na sessão de hoje da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga erros e omissões do governo no combate à pandemia de covid-19. Ao chegar ao Senado, ele foi questionado por jornalistas se falaria do governo federal e respondeu: “não tem como não falar”.
“Toda a pandemia está da forma que está em razão da postura do governo federal. Isso é absolutamente notório. Agora é preciso entrar nos detalhes para se poder compreender qual a responsabilidade, de quem é a responsabilidade e as consequências”, disse ele, acrescentando que houve “perseguição” a alguns governadores.
Segundo ele, “certamente” a situação da pandemia no Rio de Janeiro tem responsabilidade do governo federal. “Se tivessem abertos mais de 600 leitos do Rio de Janeiro, tenho certeza que teria reduzido os problemas de falta de internação e comprado respiradores”, acrescentou.
Ele também disse que falará sobre seu processo de impeachment, motivado por acusações de que teria participado em fraudes na contratação de organizações sociais que gerenciavam hospitais de campanha no Rio de Janeiro.
Em agosto de 2020, Witzel foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) junto com a então primeira-dama do governo fluminense, Helena Witzel, e outras sete pessoas por corrupção e lavagem de dinheiro.
Ele foi acusado de usar o cargo para estruturar uma organização criminosa que movimentou R$ 554.236,50 em propinas pagas por empresários da saúde ao escritório de advocacia de sua esposa. O casal foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na forma de crime continuado, reiterado por 25 vezes.
Além disso, em dezembro, ele foi denunciado novamente, desta vez acusado de ter pedido e aceitado receber indevidamente R$ 53,4 milhões, em conluio com pastor Everaldo, Edmar Santos e o empresário Edson da Silva Torres. A propina foi paga pelo empresário José Mariano Soares de Moraes, com a intenção de obter facilidades no pagamento de valores inscritos em restos a pagar devidos pela Secretaria de Saúde à organização social Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus.
Ambas as denúncias foram assinadas pela subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo.
Gustavo Nicoletta / Agência CMA (g.nicoletta@cma.com.br)
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