O dólar comercial fechou em queda de 0,97% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0710 para venda, em meio à entrada de fluxo estrangeiro vindo de captações externas. Além disso, o mercado aguarda pelas decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na quarta-feira.
O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que em sessão de pouca liquidez, a perspectiva de fluxo positivo para o país vindo das últimas captações externas e de novas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) ajudaram a moeda sustentar queda por toda a sessão e renovar mínimas no nível de R$ 5,05.
“À tarde, a moeda se afastou das mínimas com o fortalecimento lá fora, reflexo de novas altas nos títulos de longo prazo do governo norte-americano [as treasuries]”, comenta. A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, reforça que é “comum” os ativos globais exibirem viés de cautela às vésperas da reunião de política monetária.
“Há uma certa limitação de valorização do dólar por conta da expectativa com a comunicação do Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano]”, diz, acrescentando que a autoridade monetária também divulgará as projeções econômicas para o país no trimestre.
“O mercado vai ficar de olho também se terá revisões para cima. Isso pode, de alguma forma, precificar o câmbio”, diz. O vencimento de 10 anos (T-Note) das treasuries saiu de 1,45% no início da sessão para 1,50% à tarde.
A chamada “super quarta-feira” será também de decisão Copom, com expectativa de elevação da taxa Selic, a terceira seguida, em 0,75 ponto percentual (pp). “Aqui, o fluxo está positivo, tem tido captações e a Selic deve subir mais. Mas investidores não se esqueceram dos nossos problemas fiscais. Isso segura o dólar acima dos R$ 5,00”, avalia Abdelmalack.
Para a equipe econômica do Itaú, o Comitê deve abandonar a menção a uma normalização “parcial” do grau de estímulo monetário no comunicado, dado o contexto de inflação bastante pressionada e significativa retomada da economia, além de sinalizar os passos do Banco Central no segundo semestre.
“Acreditamos que a discussão terá como novo elemento o movimento recente de apreciação da moeda [local], o que reduz a pressão por aumentos adicionais da taxa de juros. Levando todos estes fatores em consideração, esperamos que a autoridade monetária sinalize um aperto adicional de 0,75 pp em agosto”, ponderam os economistas do banco.
Para a economista da Veedha, apesar da espera pelos eventos da semana, as decisões dos bancos centrais, os números de atividade dos Estados Unidos podem fazer preço como o índice de preços ao produtor e a produção industrial, no mês passado. “O mercado está atento a todos esses números vindos de lá”, acrescenta.
Flávya Pereira / Agência CMA
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