O dólar comercial fechou com ligeira alta de 0,05% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0400 para venda, em sessão de forte volatilidade calibrando o movimento externo, onde a moeda norte-americana ganhou terreno frente aos pares, enquanto algumas das principais divisas de países emergentes operaram com ganhos. Um viés de ajuste local também corroborou para a volatilidade do dólar, antes de dados de inflação nas
principais economias.
O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, destaca que o movimento de vendas por investidores estrangeiros e exportadores contribuíram para o comportamento lateral da moeda. “A notícia que poderia azedar o humor é a de que o governo já teria decidido pela extensão do [pagamento do] auxílio emergencial por pelo menos mais dois meses. Mas não fez preço nos ativos”, diz.
“Seria prudente o mercado trabalhar abaixo de R$ 5,00 hoje antes de números da inflação nos Estados Unidos, principalmente, e de decisões dos Bancos Centrais? Ou é saudável parar e esperar um pouco? Acho saudável esperar um pouco. O mercado está sendo prudente, parando e olhando um pouco após oito pregões seguidos de queda”, avalia o chefe da mesa de derivativos da Genial Investimentos, Roberto Motta, referindo-se ao contrato futuro com vencimento em julho que deve recuar pela nona sessão seguida.
Motta ressalta que o desempenho do real nas últimas semanas está “muito consistente” após os números da atividade econômica no Brasil começarem a surpreender. “Houve uma mudança de expectativa do Brasil e o preço dos ativos brasileiros está incorporando uma alta da economia. O investidor estrangeiro está voltando ao país muito rápido e estamos em um momento significativo de fluxo estrangeiro em renda fixa e em renda variável”, avalia.
O profissional da Genial acrescenta que a mudança de postura do Banco Central (BC) ajuda na queda intensa da cotação do dólar nas últimas semanas. “O fato de trazer a taxa de juros para algo mais condizente com o risco-país favorece. E na semana que vem, pode melhorar ainda mais o cenário caso suba mais 0,75 ponto percentual [a 4,25% ao ano]”, diz.
Amanhã, o destaque da agenda de indicadores fica para os dados de maio da inflação doméstica, enquanto hoje à noite sai o indicador da China. “O mercado estará atento a esses dados, mas à espera mesmo da inflação norte-americana, na quinta-feira”, pondera Motta.
Flávya Pereira / Agência CMA
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