As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham majoritariamente em baixa. O cenário é causado pela retração da atividade econômica da China, mostrada pelos dados de inflação divulgados ontem. Além disso, o mercado segue à espera dos números do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que mostra a inflação nos Estados Unidos.
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Rafael Passos, analista da Ajax Asset, diz que se trata de reflexo do exterior. Com dados de inflação da China ainda fracos, novos sinais indicam que a desaceleração global deve seguir. “Querendo ou não, ela [China] também é uma exportadora dessa deflação que a gente tem visto”, observa.
O mercado também aguarda os dados do CPI amanhã, indicador preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) como referência para as novas decisões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). “Não à toa, as treasuries também vão caindo. Acho que é reflexo principalmente do movimento internacional que a gente tem visto.”
Na análise do economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, o cenário de desaceleração mais forte na China indica queda de preços de commodities – e menos inflação, portanto. Por isso as taxas mais curtas caem. “Ontem também aconteceu isso, por conta da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), hoje é bem mais leve.”
Serrano analisa que Copom tentou passar uma mensagem hawkish [posicionamento mais duro, menos tendência de corte] na ata, afirmando que é improvável um corte de juros maior que 50 bps. Em alguns trechos do documento, no entanto, o comitê registrou alguns fatores que poderiam fazer o Banco Central (BC) acelerar as reduções. “O mercado passou a colocar alguma probabilidade disso acontecer no curto prazo, especialmente ontem com dados tão ruins da China, indicando risco de desaceleração mais acentuada da atividade lá.”
Para Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed, os juros mais curtos caem por serem mais sensíveis aos cortes do Banco Central (BC). “Isso parece ser uma reação do mercado frente à divulgação da ata do Copom, que sinaliza uma sequência de cortes na casa de 0,5%, mas ainda pondera que há dúvida sobre qual seria a taxa terminal.” Os juros mais longos trabalham em alta.
Após a queda nas importações e exportações, o índice de preços ao consumidor recuou 0,3% em julho, em base anual. Em relação a junho, o índice subiu 0,2%. Já o índice de preços ao produtor da China caiu 4,4% em julho, em base anual. Na comparação mensal, o recuo foi de 0,2%.
Por volta das 16h35 (horário de Brasília):
- DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,460% de 12,448% no ajuste anterior
- DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,430% de 10,445%
- DI para janeiro de 2026 ia a 9,880%, de 9,865%
- DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,020% de 9,985% na mesma comparação.
No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,9066 para a venda.
Camila Brunelli / Agência CMA
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Imagem: Piqsels