As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, em dia de divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom).
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Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, enxerga que, no documento, nem os próprios membros conseguiram passar uma visão clara para o mercado em relação às próximas quedas da Selic (taxa básica de juros).
“Uma parte [dos membros do Copom] acredita que com a ancoragem atual da inflação e questões fiscais do governo, é passível que os próximos ajustes possam ser mais incisivos – num tom mais moderado, na verdade, de uma queda – e outros são mais conservadores em relação a isso. Então ficou bem dividido ali nesse movimento”, analisa.
“Mas claro que, diante dessa divisão, prevalece um tom realmente mais conservador em relação a isso.”
O especialista lembrou que o cenário global permanece como um ponto de alerta para os técnicos do comitê, já que a inflação estrutural dos Estados Unidos e da Europa seguem em patamares elevados, e em alguma medida pode impactar o Brasil.
“A previsão mesmo é o que foi colocado em pauta, que a próxima reunião pode definir uma queda de 0,5, mas que todo esse movimento daqui para frente não vai ser tão óbvio assim”, comenta.
“Claro que o mercado quer ver um posicionamento mais claro, mais otimista, de que a taxa vai continuar caindo, um tom mais incisivo. Mas essa ata demonstrou que ainda assim o tom é de bastante cautela em relação a esse aperto monetário, para não desancorar somente a questão do setor de serviço.”
Para o trader do Braza Bank, Gabriel Ribeiro, as taxas passaram a cair mais timidamente depois da ata do Copom que confirmou cortes de mesma magnitude. “O mercado já havia começado a precificar cortes de mesma ou maior magnitude [0,50 a 0,75], o que faria o ritmo de contração de juros ficar mais rápida”, analisa.
“Ata veio num tom bem específico de 0,50, então as taxas mais curtas, F24, F25 que estavam precificando cortes maiores começaram a se ajustar para patamares mais baixos”, explicou.
Na leitura do especialista em mercado de capitais, André Fernandes, que também é sócio da A7 Capital, os juros futuros hoje abriram em queda, mas nada tem a ver com o Copom.
“Acredito que parte dessa queda se deve ao movimento global de fechamento de curva, visto que as treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) desde quinta-feira passada estavam subindo forte, e puxaram o mercado de juros global. Hoje amanheceram em queda, então tomamos isso como uma correção técnica, sem ter muito a ver com a ata do Copom”, analisa.
Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,460% de 12,490% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,450% de 10,490%, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,870%, de 9,995%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 9,980% de 10,110% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava de lado, cotado a R$ 4,8982 para a venda.
Camila Brunelli / Agência CMA
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Imagem: Piqsels