O Ibovespa e as taxas DI operam em baixa, enquanto o dólar estadunidense sobe no mercado financeiro brasileiro nesta terça-feira (8). A Bolsa reduziu a queda vista na abertura com melhora do Itaú (ITUB4), mas segue no negativo ainda reagindo ao mau-humor externo, em meio à balança comercial chinesa que desagradou o mercado, taxação sobre os lucros extraordinários dos bancos na Itália e rebaixamento da nota de crédito de bancos regionais nos Estados Unidos. As ações da Vale (VALE3) e siderúrgicas caem.
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Aqui, a ata da última reunião do Copom não trouxe surpresas e o balanço do Itaú (ITUB4) referente ao 2T23, divulgado na véspera, veio em linha, segundo Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research. O lucro recorrente foi de R$ 8,74 bi no 2T23, aumento de 13,9% em relação ao mesmo período do ano passado. “Mais uma vez o banco mostrou controle superior da inadimplência, responsável por manter a rentabilidade em patamar alto, e a notícia é ótima diante da deterioração do Santander e Bradesco”.
A analista ressaltou que o resultado não trouxe surpresas, no entanto, enxerga como muito positivo “diante do ambiente ainda complexo para o crédito no Brasil. Olhando à frente, esperamos que a performance continue à frente dos pares, que ainda devem levar um tempo para limpar seus balanços. Dentre os bancões, ITUB4 continua como nosso top pick, negociando a um índice preço/valor patrimonial de 1,6 vezes”.
Na China, as importações registram queda de 12,4% em julho na base anual, mais forte que a estimativa de 5% e, em relação às exportações, o recuo foi de 14,5%, enquanto se esperava 12,5%. Outro ponto no país asiático foi que a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou uma das maiores construtoras do país, a Country Garden, foi rebaixada pela Moody, depois que a companhia disse que não pagou dois cupons em dólares que venciam em agosto.
As ações da Vale (VALE3) caíam 1,39% e CSN (CSNA3) perdiam 2,02%. Após queda de mais de 1% do Itaú (ITUB4), os papéis do banco subiam 0,90%. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) operavam mistos.
Às 12h15 (horário de Brasília), o principal índice da B3 caía 0,40%, aos 118.896,19 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdia 0,21%, aos 119.230 pontos. O giro financeiro era de R$ 9 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em queda.
Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que a Bolsa melhora após a teleconferência do Itaú e passado o susto da abertura mais negativa. “É um mix, a teleconferência do Itaú ajudou porque eles disseram não vão mudar o guidance [projeção] e também tem todo o efeito depois da abertura em que o mercado age de forma mais racional, outras empresas que divulgaram resultados estão dando mais detalhes nas teleconferências e isso contribui”.
O dólar sobe. O driver de hoje é majoritariamente global, com indicadores decepcionantes da China e o rebaixamento do rating de alguns bancos pequenos e médios nos Estados Unidos.
Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “o foco hoje é a China, provocando o sentimento de que eles não irão crescer como o esperado, o que reflete nas moedas emergentes”.
Quartaroli explica que o temor de recessão nos Estados Unidos e a perspectiva de novos cortes na Selic (taxa básica de juros) fazem com que não apenas o real, mas as moedas emergentes de modo geral.
De acordo com a Ajax Research, “os números mais fracos da balança comercial chinesa impactam negativamente os ativos de risco por conta das incertezas em torno do cenário econômico. O rebaixamento da Moody’s dos ratings de vários bancos americanos de pequeno e médio porte também contribuiu para a piora dos mercados. Por aqui, ativos domésticos devem registrar baixas por conta do ambiente externo desfavorável”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) caem na abertura do mercado, em dia de divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom). As taxas daqui, no entanto, acompanham tendência global.
Na leitura do especialista em mercado de capitais, André Fernandes, que também é sócio da A7 Capital, os juros futuros hoje abriram em queda, mas nada tem a ver com o Copom.
“Acredito que parte dessa queda se deve ao movimento global de fechamento de curva, visto que as treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) desde quinta-feira passada estavam subindo forte, e puxaram o mercado de juros global. Hoje amanheceram em queda, então tomamos isso como uma correção técnica, sem ter muito a ver com a ata do Copom”, analisa.
Veja como estava o mercado por volta das 13h20 (de Brasília):
IBOVESPA: 119.168,90 (-0,17%)
DÓLAR À VISTA 4,9020(+0,15)
DI JAN 2024; 12,450% (+0,12%)
DI JAN 2027:9,970% (-1,38%)
Camila Brunelli / Agência CMA
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Imagem: Piqsels