O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, disse que a entidade está muito preocupada com a situação econômica do país e afirmou que a demora para aprovação do orçamento de 2021 é um desapontamento para agentes econômicos e para o setor automotivo também.
“O orçamento é um instrumento de gestão, ele deveria ter sido aprovado no ano passado, definindo onde o dinheiro público vai ser gasto. Não foi feito um debate adequado. As despesas obrigatórias foram subestimadas e abriram espaços para emendas parlamentares que são pensadas para a eleição de 2022 e não para o país”, disse o presidente da Anfavea.
Moraes também explicou que os ruídos políticos de Brasília atrapalham o planejamento do setor, que é sempre feito pensando a longo prazo. Ele diz que a discussão de investimentos fica prejudicada em um ambiente econômico e político turbulento.
“A mensagem que a gente tem é de bastante preocupação. A gente virou um trimestre relativamente bem, considerando a situação do país. Mas olhando para frente a gente fica bastante preocupado. Tem gente em Brasília que está pensando na eleição em 2022 e não está pensando como fechar o ano, como cuidar da população, como cuidar do emprego”, disse.
O presidente da entidade também alertou para o risco de parada na produção das fábricas a partir da próxima semana com o aumento da demanda e a falta de componentes, como o semicondutor.
“Existe sim o risco de parada de produção por falta de componentes, em especial o semicondutor. O aumento de custos é muito forte, o câmbio que poderia estar mais aceitável, está mais alto por conta da instabilidade política e isso afeta toda a cadeia de produção. Mas não é só o câmbio, o aço, a resina e outros componentes”, explicou.
Ainda sobre aumento de custos, Moraes criticou a decisão do governo de São Paulo em aumentar o ICMS e disse que a decisão é inadequada e incorreta para o momento.
“São Paulo como o maior mercado do Brasil vai sentir e a Secretaria da Fazenda do governo do estado vai sentir no caixa e nós infelizmente vamos sentir no volume e nas concessionárias o impacto dessa decisão incorreta que não deveria ser adotada, principalmente no atual momento”, finalizou.
Bruno Soares / Agência CMA
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