O Bradesco divulgou ontem o balanço do segundo trimestre de 2023, com lucro líquido de R$ 4,52 bilhões, recuou de 35,8% na comparação anual, enquanto o resultado ajustado – que remove os efeitos de ganhos ou despesas não recorrentes recuou 36,1%, fechando a R$ 4,52 bilhões.
A carteira de crédito expandida aumentou 1,6% em 12 meses, para R$ 868,7 bilhões, principalmente em produtos com garantias, que continuam ganhando participação no mix de produção. No trimestre, houve redução de 1,2%, refletindo o reposicionamento da política de crédito voltada para modalidades de menor risco.
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Genial Investimentos
A Genial Investimentos destacou a fraca rentabilidade (ROE), que fechou em 11,5%, e os resultados tímidos em algumas linhas operacionais, com a carteira de crédito contraindo na comparação trimestral e anual, a receita líquida de juros com queda trimestral e fraca expansão anual, além de uma provisão para crédito ainda bem elevada.
A corretora disse que o novo guidance reflete uma dificuldade do Bradesco em alcançar uma rápida recuperação de rentabilidade do que inicialmente projetávamos, com o ROE de 18% provavelmente somente em 2025.
“Historicamente, o banco está negociando a múltiplos interessantes de 9,0x P/L 2023, 6,8x P/L 2024 e 1,1x P/VP, porém preferimos bancos com uma dinâmica mais construtiva de receita, qualidade de ativos e rentabilidade que negociem com múltiplos baixos, explicou a Genial, que reiterou a recomendação de manter com preço alvo de R$ 17/ação.
A Genial salientou que os resultados do segundo trimestre mostraram que o processo de recuperação de rentabilidade deve ser mais gradual que o esperado, com a carteira de crédito voltando a acelerar de forma lenta conforme os níveis de inadimplência deem sinais de alívio e a margem com mercado comece a contribuir positivamente com a queda da taxa Selic.
XP Investimentos
A XP Investimentos destacou que, após resultados decepcionantes nos últimos trimestres, o banco revisou para baixo seu guidance para o resto do ano na maioria das linhas. Diante dos números e do novo guidance, a corretora acredita numa curva de melhoria, mas vê o ponto de inflexão um pouco mais distante, dadas algumas incertezas, incluindo a elevada inadimplência e o baixo crescimento da carteira, que se traduzem em baixos níveis de rentabilidade. “Esperamos uma reação negativa do mercado para as ações, mas, por enquanto, não vemos razões para alterar a nossa recomendação neutra.”
Guide Investimentos
A Guide Investimentos acredita que a margem financeira continuará pressionada por um tempo, à medida que a seletividade de originação irá impactar no crescimento da carteira, além de aumentar a exposição nas linhas de menores spreads.
“Projetamos uma tendência fraca na linha de receita de serviços, sendo a vertical de seguros a linha de melhor momento para sustentação do resultado do banco. Com isso, esperamos ver uma recuperação de forma gradual e lento do resultado do banco, mantendo nossa preferência dentre os grandes bancos por nomes como Itaú e Banco do Brasil”, concluiu.
BTG Pactual
O BTG Pactual destacou a preocupação do Bradesco em diminuir a inadimplência, o que fez reduzir seu apetite de crescimento e focar em linhas de crédito mais seguras. Com isso, o banco terá menores provisões (ainda não concretizadas), o que refletiu em sua linha de topo, com NII core e receita de taxas muito fracos. A corretora mantém recomendação neutra, com preço-alvo de 18/ação, e apontou preferência para Itaú Unibanco e Banco do Brasil.
Ativa Investimentos
A Ativa Investimentos disse que os resultados foram ruins, parcialmente em linha com suas estimativas, com retração da carteira de crédito e redução mais severa dos spreads do que esperavam, demonstrando uma necessidade maior de ajuste para controlar a inadimplência, que por sua vez, novamente subiu acima das perspectivas, chegando a 5,9%.
“Os destaques positivos são o movimento que a curva de inadimplência adotou entre os meses do trimestre, indicando uma normalização do índice. Além disso, o resultado de seguros veio bem acima do esperado e, em conjunto com uma alíquota efetiva melhor de IR, contribuíram para um lucro líquido próximo das nossas projeções, explicou a Ativa, que manteve recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 18,80/ação.
Por fim, a corretora apontou que vê um resultado evidenciando que uma melhora de rentabilidade do core business do banco se dará de forma mais lenta do que é estimado, mas que as demais linhas e um indicativo de pico da inadimplência trazem um alívio bem-vindo após uma série de resultados negativos do Bradesco.
Emerson Lopes / Agência CMA
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