As ações da Petrobras operam em baixa após a divulgação do balanço financeiro e dividendos da companhia na véspera. Às 10h35 (horário de Brasília), PETR3 e PETR4 recuavam 3,37% e 1,22%, a R$ 33,11 e R$ 30,50. Analistas comentam que resultados vieram levemente abaixo do esperado e dividendos um pouco acima, enquanto aguardam mais informações na teleconferência, às 10h30.
No segundo trimestre, a companhia teve lucro líquido de R$ 28,7 bilhões, 47% a menos do que há um ano, e anunciou dividendos de R$ 14,99 bilhões. O resultado se deve a fatores como redução da produção de petróleo, queda na cotação internacional da commodity e valorização do real frente ao dólar. É também 24,6% menor do que o registrado no trimestre imediatamente anterior.
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XP Investimentos
A XP comenta que a Petrobras reportou outro forte desempenho financeiro, embora com números mais fracos tanto na comparação trimestral e anual. O ebitda ajustado veio 2% abaixo da expectativa da XP e 9% inferior ao consenso, mas FCO menos CAPEX veio acima das estimativas, resultando em pagamentos de dividendos de R$ 15 bilhões (R$ 1,15/ação, cerca de 15% yield anualizado) acima das projeções da XP e de consenso. O FCL chegou a US$ 6,5 bilhões (~30% de yield anualizado), mas ex venda de ativos rodou em ~23%. Como esperado, a dívida bruta aumentou devido ao arrendamento IFRS 16 com entrada de dois novos FPSOs (atingindo US$ 58 bilhões).
“Ainda vemos um sólido FCL e dividend yield para a empresa nos próximos trimestres, apoiando nossa recomendação de compra no nome. No entanto, vários riscos permanecem para a tese de investimento, para não mencionar um FCL mais baixo à frente”, comentam os analistas André Vidal e Helena Kelm, da XP.
Ativa Investimentos
Para a Ativa, os resultados do 2T23 da Petrobras mostraram um ebitda levemente inferior e dividendos acima do esperado. “Com a queda trimestral de 3,5% do Brent e os menores preços de derivados, as receitas de Petrobras vieram ligeiramente inferiores que as nossas expectativas, bem como seus custos, impactados positivamente por menores preços nas importações de óleo e derivados. Contudo, com as despesas apresentando pior dinâmica vs. 1T23 em função de maiores despesas SG&A e tributárias, seu Ebitda Ajustado acabou ficando levemente aquém do que esperávamos. Com um resultado financeiro mais forte QoQ em função da apreciação do real, Petrobras apurou lucro líquido superior às nossas expectativas. Junto aos resultados, a companhia anunciou uma distribuição de proventos acima do que esperávamos. Assim, com um Ebitda levemente inferior e dividendos superiores, acreditamos numa reação moderada por parte do mercado, que se debruçará na teleconferência em temas como o posicionamento frente à Braskem e Vibra, bem como na constituição do seu novo plano estratégico”, comentou a corretora.
Levante Ideais de Investimento
Para a Levante Ideias de Investimento, os números da Petrobras vieram próximos ao do consenso, com lucro líquido de R$ 28,8 bilhões no segundo trimestre deste ano, resultado que representa uma queda de 47% frente ao mesmo período de 2022. “Os números são explicados por conta da desvalorização do petróleo Brent no mercado internacional e a queda de mais de 40 por cento nos crack spread do diesel (diferença entre o preço do petróleo bruto e o produto derivado)”, comenta a Levante.
“Outro fator que levou a piora nos números e já era esperado foi o aumento de custos com impostos, bem como redução do valor dos estoques de petróleo por conta da queda do preço no mercado internacional. A companhia registrou uma perda de valor recuperável em seus resultados, o chamado impairment.”
Mesmo com a queda, a Levante avalia que a administração teve um bom lucro e com isso aprovou remuneração em forma de proventos aos acionistas de R$ 1,15 por ação. O montante é cerca de R$ 15 bilhões, uma renda em dividendos neste trimestre de 4% somente nesta distribuição. “É esperado que a Petrobras tenha um Dividend Yield de 13 por cento nos próximos doze meses, mesmo com uma política de preços que trabalha abaixo da paridade internacional e com isso faz com que a companhia tenha uma menor geração de caixa”, comenta.
Para a Levante, a dívida líquida de R$ 210 bilhões, aumento de 23,5% na comparação anual, é o maior fator de risco para a companhia atualmente a empresa tem uma relação de dívida líquida sobre EBITDA de 0,74 vezes, número considerado bastante baixo, mas cujo aumento traz um sinal de alerta para os investidores.
“Em geral, os resultados da Petrobras foram neutros, consistentes com o desempenho que a empresa tem apresentado há algum tempo”, conclui a Levante.
Guide Investimentos
Para a Guide, o resultado desaponta, mas paga bons dividendos, citando impactos da menor cotação do Brent e da menor produção no período, alta no lifting cost apurado no 2T23, sem participação governamental e sem afretamento (US$ 5,96/boe, um aumento de 8% em relação ao 1T23) devido a maiores gastos com integridade, principalmente de inspeções submarinas e intervenções em poços, e da apreciação do real frente ao dólar. “Brent menor, produção menor e lifting cost maior, todos os parâmetros foram ruins no segmento de E&P.”
Nas refinarias, a redução na margem EBITDA de 8% contra 15% no mesmo trimestre do ano passado e 10% no trimestre passado, é explicada principalmente por conta da redução do crack spread no período (não esquecer preço de transferência). “Lembramos que a política de preços da Petrobras foi alterada dia 17 de maio e que até o final de junho ela seguia muito próximo da PPI de acordo com os dados da Abicom.”
Em relação aos investimentos de US$ 3,2 bilhões, 31% acima do 1T23, devido principalmente aos grandes projetos do pré-sal e ao impacto do bônus de assinatura relativo aos campos de Sudoeste de Sagitário, Água Marinha e Norte de Brava, a Guide considera que, embora tenha se elevado, nenhum desses fatores aconteceu por conta da mudança no plano estratégico.
Por fim, sobre o endividamento, a Guide avalia que o mercado já esperava por esse aumento.”Nada preocupante”, finaliza.
Cynara Escobar / Agência CMA
Imagem: Divulgação