As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, refletindo incertezas globais, depois da divulgação de dados de atividade industrial da China e da Europa mais fracos. Os dados de produção industrial brasileiros vieram acima do esperado, o que também tensiona o mercado.
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Na leitura do analista da Ajax Asset, Rafael Passos, os juros acompanham as treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) que também ‘explodiram’ depois das divulgações de dados fracos da China e da Europa. “Acho que esse movimento dos DIs em alta, essa abertura de taxa que a gente tem visto, é muito em linha com a performance que a gente tem observando lá fora”, analisa Passos.
“Querendo ou não, teve [divulgação de] dados que assustaram hoje: trouxeram números mais fracos de PMI na China e na Europa. Isso causou um enfraquecimento das moedas frente ao dólar, que ganhou muita força e ocasionou essa alta das treasuries”, explica. “É reflexo desse movimento de maior aversão de risco lá fora.”
Também na visão do analista da Potenza Capital, Bruno Komura, os dados da China e da Europa mostrando contração na manufatura, ainda que em linha com o esperado, traz um sentimento de alerta. Segundo o especialista, a produção industrial brasileira mais forte que o estimado talvez mude, também, o ritmo de queda da Selic (taxa básica de juros) por parte do Banco Central (BC).
“Eu acho que o corte deve ser de 0,50 agora, mas nas próximas reuniões o ritmo pode diminuir”, diz Komura.
Mais cedo, foram divulgados dados sobre a atividade industrial da China, que caiu para 49,2 pontos em julho, de acordo com dados revisados do instituto de pesquisas S&P Global do grupo de mídia Caixin. Em junho, o índice havia ficado em 50,5 pontos.
Já na zona do euro, a atividade industrial da zona do euro caiu para 42,7 pontos em julho, de 43,4 em junho, de acordo com dados revisados do Hamburg Commercial Bank (HCOB) e do instituto de pesquisas S&P Global.
Em ambiente doméstico, a produção industrial brasileira subiu 0,1% em junho ante maio, depois de ter subido 0,3% no mês imediatamente anterior. O resultado ficou abaixo da projeção de +0,5%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.
O relatório Brazil Watch, produzido pelo Bank of America (BofA), destaca os desafios que o setor industrial brasileiro enfrenta, incluindo condições de crédito apertadas, níveis elevados de estoque e demanda fraca. Apesar desses desafios, há alguns sinais positivos, como o aumento do abate de rebanhos. No geral, a perspectiva para a produção industrial brasileira é mista, com analistas esperando alguma desaceleração nos próximos meses. “O aumento do abate de rebanhos é um sinal positivo para a inflação, pois sugere que haverá mais carne disponível no mercado. Isso poderia ajudar a arrefecer as pressões inflacionárias”, diz o relatório.
Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,600% de 12,585% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,635% de 10,615%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,080%, de 10,060%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,140% de 10,160% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,7931 para a venda.
Camila Brunelli / Agência CMA
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Imagem: Piqsels