No mercado, o fim do negócio entre Embraer e Boeing pareceu quase esperado.
No primeiro pregão após a Boeing desistir, alegando que a brasileira não cumpriu as exigências do acordo, as ações ordinárias da Embraer (EMBR3) chegaram a cair 15%. Três dias depois, no entanto, já voltaram a valer até uns centavos a mais do que antes do anúncio da americana.
O caso da Embraer é o tema da coluna do Monitor do Mercado na Folha de S.Paulo nesta semana. Clique aqui para ler.
Na bolsa de Nova York, as ações da Boeing não tiveram qualquer variação relevante no primeiro dia de negociação após o anúncio. Nesta quinta, já abriram o pregão valendo 9% mais do que no início da semana.
Um sinal sobre a falta de interesse dos investidores no negócio poderia ser tirado representação feita ao Cade, pedindo que a operação fosse investigada.
No documento, a Abradin (Associação Brasileira de Investidores) faz as contas: a Boeing pagaria US$ 4,2 bilhões, enquanto a Embraer ficaria obrigada a deixar US$ 1,5 bilhão no caixa da nova empresa, pagaria US$ 1 bilhão em impostos sobre ganho de capital e distribuiria US$ 1,6 bilhão em dividendos extraordinários para seus acionistas. Sobrariam US$ 100 milhões.
A conta deixa ainda de fora os gastos da Embraer para dividir a empresa, separando a parte de aviação civil que seria vendida. O valor investido nessa divisão em 2019 foi de R$ 485 milhões. Na cotação atual, cerca de US$ 90 milhões.
A desconfiança dos investidores ficou também clara quando o preço das ações da Embraer caiu assim que a venda para a americana foi aprovada.
Foi em 10 de janeiro de 2019, quando o então recém-empossado presidente Jair Bolsonaro, publicou no Twitter: “Ficou claro que a soberania e os interesses da Nação estão preservados”.
Agora, com o fim do negócio, Bolsonaro volta ao noticiário, com uma falsa cartada sobre as golden shares. Leia mais sobre o assunto aqui.
*Foto em destaque: Alan Santos/PR