Com seu evento de lançamento marcado para a próxima terça-feira (18), o fundo de investimentos da gestora Titan Capital e da casa de análise PhiCube, que usa a inteligência artificial para definir sua carteira de ativos, tem levantado questionamentos sobre a utilização de IA na tomada de decisão.
Em entrevista ao Monitor do Mercado, o gestor de portfólio da Titan, Thiago Raymon, e os fundadores da PhiCube, Bo Williams e Márcio Bonatti, explicam como a tecnologia é usada e quais os mecanismos para evitar que tanto vieses humanos quanto erros da máquina afetem o desempenho do fundo.
Os aspectos comportamentais na tomada de decisão dos investidores, aliás, são o tema explorado por Raymon, da Titan, em suas pesquisas acadêmicas e em seu blog no Monitor. “Irracionalidades como o excesso de confiança, por exemplo, afetam negativamente a tomada de decisão em diversos aspectos nas nossas vidas”, explica. O uso dos algoritmos no novo fundo serve para forçar que a análise seja sempre feita de maneira desapaixonada, afirma.
Os modelos de inteligência artificial, explica Márcio Bonatti — co-fundador da PhiCube, com 20 anos de experiência nas áreas de tecnologia e negócios no Itaú e no Bradesco — permitem identificar padrões em volumes expressivos de dados para otimizar a seleção de ativos em um portfólio, considerando fatores como “risco x retorno” esperado, correlações e restrições.
Bo Williams, criador da PhiCube, complementa: “A gente conseguiu, com as novas tecnologias, comprovar com mais precisão como a nossa metodologia de análise de preços funciona e afastar um pouco mais o lado psicológico”.
O fundo Titan PhiCube Inteligência Artificial FIM é um fundo multimercado e terá como benchmark o CDI, ou seja: o objetivo dos gestores será sempre ter uma rentabilidade acima da taxa de juros praticada pelos bancos, usada como referência para outros investimentos, como CDBs, debêntures e LFTs.
A reserva de cotas para investidores pode ser feita pelo cadastro no site, disponível aqui.
Veja, abaixo, a entrevista do Monitor do Mercado com os gestores e consultores do novo fundo:
Informações Técnicas |
Titan PhiCube Inteligência Artificial FIM Reserva de cotas: Através do site |
Monitor do Mercado: Em que tipos de ativos o fundo vai aplicar os recursos dos cotistas?
É um fundo multimercado. O foco será a Bolsa Brasileira, pela expertise dos envolvidos, mas poderá haver dólar, ouro e até mesmo bitcoin, desde que de acordo com as análises de oportunidade e risco às quais o fundo está comprometido.
MM: Qual o valor mínimo do investimento?
Não há valor mínimo, mas quem entrar com pelo menos R$ 5 mil no lançamento poderá participar de um evento com os idealizadores do projeto, em São Paulo. O evento reunirá o gestor de portfólio da Titan, Thiago Raymon, e os fundadores da PhiCube, Bo Williams e Márcio Bonatti.
MM: Há período mínimo de permanência do investidor no fundo?
O prazo de resgate é D+15, ou seja, o resgate será realizado 15 dias após a ordem.
MM: Qual é a taxa de administração? E a taxa de performance?
Taxa de administração: 1,9%. Taxa de performance: 20% do rendimento acima do CDI.
MM: Quais são as principais vantagens competitivas desse fundo de investimento baseado em inteligência artificial em comparação com outros fundos tradicionais ou abordagens de investimento mais convencionais?
A combinação de técnicas e competências aplicadas em nossos modelos preditivos. Isso envolve uma base sólida de conhecimento dos analistas e gestores do mercado financeiro, de engenheiros da computação e de cientistas de dados, aliando o modelo PhiCube ao poder computacional e à utilização intensa de inteligência baseada em algoritmos genéticos e redes neurais. Desta forma buscamos reduzir a influência de emoções e vieses humanos nas decisões de investimento.
MM: Quais são as principais fontes de dados e informações utilizadas pelos algoritmos? Como eles são atualizados e avaliados para garantir sua precisão?
Com nossa equipe e toda a nossa base de informações, acumulada por mais de 20 anos de PhiCube, analisamos histórico de preços e cotações em tempo real de diversas classes de ativos do mercado financeiro. Através dos modelos de inteligência artificial, nós conseguimos identificar padrões em volume expressivo de dados, bem como a aplicação de algoritmos para otimizar a seleção de ativos em um portfólio, onde consideramos fatores como “risco x retorno” esperado, correlações e restrições relacionadas a contextos de mercado.
MM: Quais são as métricas e indicadores-chave utilizados para avaliar o desempenho e a eficácia dos algoritmos de inteligência artificial? Como o fundo monitora e avalia continuamente o desempenho dos modelos e faz ajustes, se necessário?
Nós temos algumas métricas fundamentais para avaliar o risco a volatilidade dos modelos, como métricas de desvio padrão e drawdowns — queda do valor de um ativo em relação à sua última cotação máxima —, que são aplicadas para medir os retornos e exposição a potenciais perdas.
A taxa de acerto serve para saber se os modelos estão aderentes aos testes que foram feitos durante todo o período de backtest dos modelos preditivos para cada ativo selecionado e no portfólio, para ver se estão aderentes aos objetivos traçados pelo gestor. De forma geral, é feita uma avaliação que considera diversas métricas e indicadores, que levam em consideração sempre a qualidade dos ativos, se as métricas estão aderente em taxa de acerto, retorno, volatilidade, exposição a riscos e potenciais ganhos.
MM: Quais são os critérios para a seleção dos ativos que compõem a carteira do fundo? Como é feito o balanceamento entre diferentes classes de ativos, como moedas, ações, criptomoedas, ativos de renda fixa e BDRs?
Levamos em consideração os ativos que melhor se alinharem com objetivo do fundo, considerando que é um fundo com classificação de risco moderado. Nossos algoritmos estão projetados a partir dessa premissa, buscando diversificação, com uma locação em ativos de forma equilibrada. Avaliamos também o potencial de retorno e risco associado a cada ativo e também da carteira. Buscamos otimizar a relação “risco x retorno”, selecionando ativos que ofereçam equilíbrio adequado entre o retorno e a volatilidade esperados. Também realizamos um monitoramento regular da performance dos ativos, bem como de riscos potenciais, fazendo ajustes na carteira, para garantir que ela continue alinhada com objetivos do fundo e com as condições de mercado.
MM: Como o fundo lida com eventos imprevistos ou períodos de extrema volatilidade nos mercados? Existem mecanismos de proteção ou estratégias específicas implementadas nesses casos?
Temos modelo de gerenciamento de risco em nossos algoritmos, bem como também um acompanhamento pelo time de analistas, que busca fazer um gerenciamento muito próximo, para identificar potenciais riscos da carteira, com definição de limite de exposição em determinados ativos setores. Também usamos estratégias de hedge para proteção da carteira e a prática de stop loss, definindo níveis para limitar perdas quando há um movimento contrário ao esperado.