A Bolsa fechou em queda de 1,77%, perdeu mais de dois mil pontos e voltou ao patamar dos 117 mil pontos seguindo o pessimismo no exterior com o receio de juros altos nos Estados Unidos, após os dados de hoje do mercado de trabalho do setor privado norte-americano bem aquecido.
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Amanhã, os investidores esperam pelo payroll, indicador considerado importante pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para entender a economia do país.
Com o estresse no mercado global de hoje, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária que está em discussão com os líderes de partidos acabou ficando para segundo plano, mas deve ser votada ainda hoje na Câmara dos Deputados. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) liberou a votação remota para favorecer a votação.
Mais cedo, o resultado da pesquisa ADP assustou o mercado. O setor privado criou 497 mil vagas de trabalho em junho, bem acima da previsão dos analistas de 228 mil. Os pedidos de seguro-desemprego semanal subiram para 248 mil enquanto o mercado esperava 245 mil.
Já o relatório Jolts mostrou que nos Estados Unidos foram abertos 9,824 milhões de postos de trabalho em maio, uma queda em relação aos 10,320 milhões registrados em abril, dado revisado.
Com a alta na curva de juros, as ações ligadas ao ciclo doméstico foram impactadas. Gol (GOLL4) caiu 9,78%. Magazine Luiza (MGLU3) perdeu 7,62% e Via (VIIA3) recuou 6,75%. Poucas ações subiram na sessão de hoje, entre elas, IRB (IRBR3) subiu 5,02%; Eztec (EZTC3) e CPFL (CPFE3) aumentaram 2,00% e 1,68%, respectivamente.
O principal índice da B3 caiu 1,77%, aos 117.425,70 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 1,76%, aos 119.010 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de investimentos, disse que a Bolsa acompanha o dia negativo no exterior. “Com os dados do ADP muito acima do esperado, vemos um cenário de pleno emprego nos Estados Unidos o que faz com que seja cada vez mais certo que os juros devam subir mais duas vezes nesse ano; se tudo continuar assim, cada vez mais pessoas devem colocar seu dinheiro lá e tirarem de economias emergentes”.
João Piccioni, analista da Empiricus Research, disse o estresse de hoje na Bolsa está relacionado ao exterior.
“Ontem a ata do Fed foi mais dura em que os membros reforçaram que devem continuar subindo juros, associado às notícias da Europa que deram uma balançada no mercado com um dos diretores do banco central inglês comentando que os juros na Inglaterra devem ir além dos 6%, o ADP veio muito acima do que o mercado esperava e a situação chinesa não ajuda sobre a ótica das commodities”.
O analista da Empiricus Research disse que amanhã tem payroll, um dado importante para entender a economia norte-americana, e “que vai mostrar resiliência na parte de serviços”.
Alison Correia, CEO da Top Gain, disse que o dia está estressado para os ativos de risco.
“Todos os indicadores que saíram hoje nos Estados Unidos só chancela o que a ata do Fed trouxe ontem-que vai ter elevação na taxa de juros na próxima reunião -, mas o que se questiona não é se vai ter aumento e sim se será de 0,50 pp e isso estressa todos os ativos do mundo e no Brasil não é diferente; aqui estava mais tranquilo com o arcabouço fiscal, reforma tributária andando, mas sequência de dados forte volta receio de mais aumentos de taxas de juros e fuga de dinheiro do nosso País para mercados mais maduros”.
Segundo um analista de uma gestora de investimentos, os dados mais fortes do mercado de trabalho “reforçam que o Fed adotará uma postura mais dura para a próxima reunião”.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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