O Ibovespa cai, enquanto o dólar estadunidense e as taxas DI operam em alta no mercado financeiro brasileiro nesta quinta-feira (6). A Bolsa opera em queda de quase 2%, perdeu mais de 2 mil pontos, em dia de forte aversão ao risco global após os dados econômicos nos Estados Unidos e com a preocupação de mais aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
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Ontem, na ata, os membros do Fed reforçaram mais altas de juros por lá. Mais cedo, o resultado da pesquisa ADP assustou o mercado. O setor privado criou 497 mil vagas de trabalho em junho, bem acima da previsão dos analistas de 228 mil, reforçando que o mercado está aquecido. Os pedidos de seguro-desemprego semanal subiram para 248 mil enquanto o mercado esperava 245 mil.
Já o relatório Jolts mostrou que nos Estados Unidos foram abertos 9,824 milhões de postos de trabalho em maio, uma queda em relação aos 10,320 milhões registrados em abril, dado revisado.
As ações ligadas ao ciclo doméstico têm forte queda. Gol (GOLL4) caía 6,74%. Magazine Luiza (MGLU3) perdia 7,03% e Via (VIIA3) tinha queda de 6,30%. As ações de peso no índice caíam como Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3), respectivamente 1,80% e 2,35% e 0,76%.
Às 12h51 (horário de Brasília) o principal índice da B3 caía 1,90%, aos 117.276,37 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdia 1,90%, aos 118.885 pontos. O giro financeiro era de R$ 9,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em queda forte.
João Piccioni, analista da Empiricus Research, disse o estresse de hoje na Bolsa está relacionado ao exterior.
“Ontem a ata do Fed foi mais duro em que os membros reforçaram que devem continuar subindo juros, associado às notícias da Europa que deram uma balançada no mercado com um dos diretores do banco central inglês comentando que os juros na Inglaterra devem ir além dos 6%, o ADP veio muito acima do que o mercado esperava e a situação chinesa não ajuda sobre a ótica das commodities”.
O dólar acelerou o ritmo de alta. O ambiente doméstico segue positivo, mas o temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) alongue o ciclo contracionista valoriza a dívida estadunidense.
Para o especialista da Valor Investimentos Charo Alves, é natural que o dólar se valorize com a expectativa de que os juros norte-americanos fiquem mais atrativos para o investidor: “O mercado está precificando que a renda fixa dos Estados Unidos vai ficar mais atrativa com a alta dos juros”, opina.
Segundo a Ajax Asset, “lá fora, volta a pesar nos mercados de ativos de risco o temor de que os principais bancos centrais irão manter em alta suas taxas de juros. Por aqui, investidores continuam no aguardo da votação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em alta. O movimento nesta quinta é de correção, já que o ambiente interno segue favorável com a tramitação da reforma tributária no Congresso.
Para o especialista da Valor Investimentos Charo Alves, “a tendência ainda é de baixa. É natural que haja um movimento mais técnico para desafogar o lucro, é uma correção técnica. A pauta no Brasil é positiva, com a votação da reforma tributária. É um gatilho para o investidor olhar para o Brasil de modo positivo”.
De acordo com a Nova Futura, “por aqui, em dia vazio de agenda, as negociações em Brasília seguem pautando a agenda do mercado, mas a sessão de hoje deve ser dominada pela dinâmica em Nova York. Na abertura, Ibovespa deve abrir no negativo e dólar para cima. As taxas de juros devem abrir em alta”.
Veja como estava o mercado por volta das 13h15 (de Brasília):
IBOVESPA: 117.389,45 (+1,80%)
DÓLAR À VISTA: 4,9190 (+1,42%)
DI JAN 2024: 12,850% (+0,23%)
DI JAN 2027:10,345 % (+1,12%)
Camila Brunelli / Agência CMA
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Imagem: Piqsels