O IPCA-15 (que mede a inflação na primeira quinzena) de junho apontou alta de 0,04%, ligeiramente acima da projeção da Warren Rena — empresa de investimentos. No mês fechado, a expectativa é de que haja deflação.
No ano, a inflação acumula alta de 3,16% e, nos últimos 12 meses, de 3,4%, menor variação desde setembro de 2020.
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“A desaceleração na leitura mensal de 0,51% para 0,04% deve em grande medida ao arrefecimento em combustíveis e alimentação, juntos contribuem -0,42 p.p na margem. No mesmo sentido, itens de cuidados pessoais, como higiene e beleza, ajudaram na descompressão mensal. Por outro lado, a pressão altista no mês decorreu de passagem aérea (10,70%, ante -17,26%) e de energia elétrica”, diz Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena.
Segundo ela, vale lembrar que nesta leitura de junho, muitas variáveis justificam a volatilidade do número: (i) no dia 1 junho teve mudança da fórmula do imposto de ad valorem para ad rem na gasolina, (ii) impacto do desconto da MP de automóveis e (iii) choque baixista de alimentação, leite e carnes.
“Na abertura desses ‘choques’, identificamos que o saldo foi menos baixista que o imaginado em: (i) gasolina que teve deflação menor que esperado (-3,40% ante -3,6%), (ii) em automóveis, o IBGE não parece ter capturado todo o desconto possível (esperávamos deflação de -2,5% em veículos novos e veio -0,84%) e, (iii) alimentação trouxe deflação em leites e alimentos in natura, mas não acentuou a queda que imaginávamos nas carnes bovinas e de frango”, explica.
“A leitura da prévia da inflação de junho trouxe abertura qualitativa um pouco pior que o esperado, porém não é suficiente para alterar a nossa avaliação de que a desaceleração dos núcleos e serviços devem encerrar o ano próximo a 5,0%. Nas métricas de média móvel de 3 meses dessazonalizada e anualizada de serviços subjacentes, já esperávamos ligeira aceleração em junho para 6,6%, o arrefecimento mais intenso deve acontecer a partir do IPCA de julho até encerrar o ano em 3,7%. Por fim, nossa métrica de serviços inerciais permanece indicando reversão da tendência de aceleração vista nas leituras de abril e seguem ‘de lado'”.
“Para frente, continuamos vendo deflação para o IPCA de junho (pelos itens que repetem o número fica próximo a -0,10% de -0,14%), no entanto, revisamos para -0,06% por diminuir a intensidade do efeito da MP de desconto de automóveis em junho e deixar uma parte para julho. A projeção do IPCA de julho está em 0,18%. Nosso IPCA de 2023 está em 4,8% e 2024 em 3,9%. Mais tarde enviaremos a revisão dos números”, completa.
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