O Ibovespa e as taxas DI caem, enquanto o dólar estadunidense em alta no mercado financeiro brasileiro nesta terça-feira. A Bolsa acelera perdas e passa para a faixa dos 116 mil pontos pressionada pelas ações do setor financeiro e com a expectativa dos agentes financeiros para a reunião de quinta-feira (29) do Conselho Monetário Nacional (CMN), em que deve ser discutido ajustes no sistema de metas de inflação.
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Mais cedo foi divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em que deixou a “porta aberta” para uma possível queda na taxa básica de juros (Selic) em agosto. Atualmente a Selic está em 13,75% ao ano (aa).
Hoje também foi divulgado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, que subiu 0,04% em junho, mas desacelerou frente o resultado de maio (+0,51%).
Os papéis do setor financeiro caíam em bloco. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) caía 2,06% e 1,77% e Itaú (ITUB4) tinha queda de 1,46%. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) cediam 0,63% e 0,48%. Já Vale (VALE3) subia 1,12% na esteira dos estímulos da China.
Às 12h21 (horário de Brasília), o principal índice da B3 caía 1,21%, aos 116.809,13 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto tinha queda de 0,92%, aos 118.875 pontos. O giro era R$ 9,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em alta.
Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, disse que a Bolsa está em um movimento de correção e guiada por eventos domésticos. “Não é uma tendência de baixa, após várias semanas de alta e pode virar; o Ibovespa começou bem repercutindo a ata do Copom que veio positiva, prevendo um cenário desinflação e já vemos substância para um corte da Selic em 0,25 pp em agosto; o IPCA-15 veio em linha com o esperado e no radar do mercado está a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)”.
O dólar virou e passou a subir. Na falta de novidades internas, a moeda está alinhada com o exterior. A pior do ambiente global aumenta o temor que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) retome o ciclo contracionista.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, o movimento desta manhã está muito volátil. Komura acredita que o movimento contracionista de bancos centrais faz com que o mercado tema um Fed mais duro.
Mais cedo, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse que a inflação da zona do euro está muito alta e assim continuará por muito tempo. Assim, Lagarde reiterou que o BCE precisa elevar seus juros a níveis suficientemente restritivos e mantê-los nesse patamar pelo tempo que for necessário. As falas pressionaram o dólar frente as principais moedas, explicou a Ajax Asset.
Por volta das 11h44 (horário de Brasília), o dólar comercial subia 0,52%, cotado a R$ 4,7920 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em julho de 2023 avançava 0,47%, cotado a R$ 4.791,50.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam majoritariamente em queda, refletindo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje, que deixa espaço para cortes já na reunião do Comitê de agosto. O IPCA-15 do IBGE, veio levemente acima do esperado, mas mostrou deflação no preço da gasolina, por exemplo, que tem forte impacto no índice cheio.
“Tivemos uma batida nos DI’s e a principal causa foi a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que deu a entender para o mercado em um trecho da ata, que a porta para o corte em agosto está aberta, inclusive nas opções do Copom para a reunião de agosto, a probabilidade de corte de -0,25% na Selic (taxa básica de juros) saiu de 47% para 63% agora.”
Na leitura de André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, a ata do Copom derrubou os DIs porque deu a entender em um dos trechos que a porta para o corte em agosto está aberta.
Veja como estava o mercado por volta das 13h20 (de Brasília):
IBOVESPA: 116.655,60 (-1,33%)
DÓLAR À VISTA: R$ 4,7700 (+0,79%)
DI JAN 2024 12,975% (-0,30%)
DI JAN 2027:10,360% (+0,29%)
Camila Brunelli / Agência CMA
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