No decorrer do dia, apesar do avanço do dólar e das taxas dos Treasuries, os juros futuros no mercado financeiro brasileiro diminuíram seu ritmo de alta. Isso ocorreu durante a segunda etapa de negócios, afastando-se das máximas observadas pela manhã. Esse movimento aconteceu em resposta à leitura do IPCA-15 de dezembro, que se mostrou acima do esperado pelos investidores.
Durante a tarde, dados de geração de vagas formais de emprego em novembro, divulgados pelo Caged, não exerceram um impacto significativo na formação das taxas. Medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda pela manhã para recomposição de receitas perdidas com desoneração da folha de pagamentos já haviam sido absorvidas pelo mercado sem grandes sobressaltos.
Comportamento das taxas
O DI para janeiro de 2025 encerrou a 10,03%, enquanto o DI para janeiro de 2027 fechou em 9,72%. Já o DI para janeiro de 2029, após atingir 10,11%, terminou em 10,07%, refletindo variações em relação às sessões anteriores.
Essas taxas apresentaram uma redução entre 20 e 50 pontos-base em relação ao fechamento de novembro. Ao longo de 2023, a curva a termo demonstrou um alívio superior a 250 pontos-base. Este movimento é atribuído, em parte, à diminuição das pressões no ambiente externo no último trimestre, quando a inflação nos EUA começou a mostrar sinais de desaceleração. Isso fez com que investidores vislumbrassem a possibilidade de o Federal Reserve iniciar um processo de redução da taxa básica americana no primeiro semestre de 2024.
Fatores internos
Internamente, fatores como a aprovação do novo arcabouço fiscal, substituindo o teto de gastos, foram determinantes para a redução das taxas futuras ao longo deste ano. Esta mudança, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, eliminou o chamado “risco de cauda” das contas públicas, ou seja, a perspectiva de um endividamento explosivo.
Além disso, a reforma tributária, após três décadas de espera, foi aprovada pelo Congresso, contribuindo para um cenário mais favorável. A expectativa de inflação de longo prazo reduziu-se, permitindo ao Banco Central espaço para iniciar um processo de corte de juros.
Impacto do IPCA-15
A leitura do IPCA-15 de dezembro, que acelerou de 0,33% para 0,40%, ultrapassando as expectativas dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast, não alterou o cenário de arrefecimento da inflação. Entretanto, isso pode impactar as expectativas sobre o ritmo de redução dos juros.
Especialistas da B.Side Investimentos e da Warren Investimentos mantêm projeções diferentes sobre a taxa Selic para o fim de 2024, mas ambas com viés de baixa. A Warren Investimentos, após o IPCA-15 de dezembro, elevou sua projeção para a inflação deste mês, prevendo um fechamento anual dentro do intervalo da meta.
Analistas apontam desafios futuros para uma redução significativa dos DIs nos próximos meses. Além da necessidade de manter a inflação corrente menor e alinhada à meta, é crucial progredir no âmbito fiscal, cumprindo os objetivos estabelecidos no novo arcabouço. Economistas também observam com ceticismo a possibilidade de o governo atingir um déficit primário zero em 2024, mesmo com medidas para aumentar as receitas.
Com informações do Broadcast
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