O Boston Consulting Group (BCG) divulgou um estudo que aponta que para viabilizar as áreas prioritárias de uma agenda positiva de redução de emissões deverão ser investidos US$ 100 bilhões em agricultura sustentável, bioenergia e soluções baseadas na natureza até 2030.
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“O investimento na agenda de baixo carbono no setor, que atualmente responde por 20% das emissões nacionais, será uma oportunidade para que o agronegócio seja protagonista na agenda da transição climática. A indústria tem pela frente o desafio de buscar um posicionamento relevante no aspecto climático não somente para o Brasil, mas para o mundo como um todo. A articulação da cadeia produtiva certamente viabilizará a materialização dessas oportunidades”, afirmou Arthur Ramos, diretor-executivo e sócio do BCG, e um dos autores do estudo.
O estudo mostrou que as iniciativas de agricultura sustentável métodos que utilizam processos naturais para produzir melhores colheitas e capturar carbono podem envolver investimentos para o maior uso de plantio direto, sistemas de irrigação eficientes, na recuperação de pastagens degradadas e na mudança da infraestrutura de transporte de produtos agrícolas.
Essa transformação da forma de se trabalhar no campo deve gerar reduções de emissões de GEE em mais de 200 Mton de CO2 e carbono equivalente até 2030, desde que a demanda de US$ 75 bilhões de investimento seja suprida. Embora já adotadas no Brasil, e como refletido no Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), ainda há muito espaço para o agronegócio avançar no uso dessas técnicas mais inovadoras.
Outra frente que pode ser explorada é o aproveitamento e o fomento de soluções baseadas na natureza (NBS), que visam mudanças de comportamento no campo para usar os recursos naturais de forma mais sustentável. Atualmente, o Brasil é o principal país em potencial de mitigação de emissões nessa frente, podendo mitigar até 1.500 Mton de CO2e até 2030 a partir da expansão destas soluções, alavancando todo o potencial de suas florestas.
A bioenergia é o terceiro pilar que receberá a atenção dos investidores nos próximos anos. O Brasil já é uma referência mundial na geração de energia limpa: em 2023, por exemplo, 42% da matriz energética do Brasil será formada por fontes renováveis, e existem alguns programas nacionais de incentivo à produção a partir de fontes de baixo impacto, como RenovaBio, Metano Zero e Combustível do Futuro.
A análise do BCG conclui que as diferentes alavancas relacionadas a agricultura sustentável, NBS e bioenergia podem levar a redução total de até 1.800 Mton de CO2e até 2030. Para se ter uma noção da magnitude do impacto, tal montante equivale ao total de emissões reportadas pelo Brasil em 2021 em mudanças do uso da terra e agricultura (que representam cerca de 80% do total de emissões do país).
“A agricultura tem um papel fundamental na economia do Brasil e com certeza será um dos protagonistas na agenda climática. A transição para uma indústria mais sustentável demonstrará o potencial do agronegócio brasileiro em manter sua incontestável posição de liderança global”, concluiu o diretor-executivo do BCG Arthur.
Emerson Lopes / Agência CMA
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