O Ibovespa, taxas DI e dólar caem no mercado financeiro brasileiro nesta segunda-feira. A Bolsa estendeu o movimento de queda e voltou ao patamar dos 117 mil pontos puxadas pelas ações do setor de varejo, sensíveis a juros, na expectativa para a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada amanhã, e para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), na quinta-feira (29).
A ata ganhou mais importância desta vez depois que o mercado estava esperando que a autoridade monetária sinalizasse no comunicado da semana passada queda na taxa básica de juros (Selic) e não foi o que aconteceu. Agora, o mercado aguarda mais detalhes sobre a decisão do colegiado.
Já o CMN a expectativa fica para definição sobre a meta da inflação.
As ações do setor de consumo, construção e bancos tinham queda. Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) caíam 4,18% e 5,46%. MRV (MRVE3) cedia 4,76%. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) perdia 0,54% e 0,72% e Santander (SANB11) tinha queda de 0,52%.
Às 12h35 (horário de Brasília) o principal índice da B3 caía 0,92%, aos 117.887,21 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto baixava 1,00%, aos 119.980 pontos. O giro financeiro era de R$ 6,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam mistas.
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que a queda é puxada pelas ações do varejo e setor financeiro; existe uma correção saudável e uma expectativa para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) com pronunciamento do O dólar comercial opera perto da estabilidade, com viés de baixa. A moeda acompanha o cenário externo e avalia os dados do Boletim Focus, em semana de agenda cheia.
Amanhã será divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na quinta, sairá o relatório trimestral de inflação e haverá a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) para avaliar as metas de inflação.
“Com mais dados confirmando uma diminuição da taxa Selic em agosto, podemos ver um forte fluxo de entrada de carry-trade [quando um investidor pega dinheiro emprestado em um país com juros baixos e aplica o montante em outro país com juros mais altos] no câmbio, forçando o dólar a patamares mais baixos”, explica o trader do Braza Bank, Gabriel Ribeiro.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em baixa, acompanhando o exterior, avaliando o Boletim Focus e à espera da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã – e de uma possível reinterpretação do comunicado que foi divulgado ao fim da reunião do Comitê. Lá fora o cenário é de tensão e receio de uma recessão global, em início de semana de agenda cheia.
O texto do BC de depois da deliberação da manutenção da Selic (taxa básica de juros) em 13,75% foi considerado hawkish pelos agentes de mercado, mas dias depois da reunião a imprensa noticiou que pessoas do colegiado do Copom teriam procurado integrantes do Congresso e do governo a fim de explicar que, ao contrário do que o mercado havia entendido, o texto deixa, sim, uma porta para um corte na Selic em breve.
O trader do Braza Bank, Gabriel Ribeiro considerou o comunicado do BC neutro e aposta que os novos dados de inflação dessa semana prometem movimentar mais ainda a curva de juros futuros.
“Apesar de um comunicado mais neutro por parte do Copom na última quarta-feira, o mercado já voltou a precificar corte da Selic em agosto, aproximadamente 25 pips de corte. Relatório Focus segue uma tendência de redução de IPCA e aumento do PIB para este ano e para 2024.”
“Essa tendência deve continuar, porque o mercado está esperando para ver o que vai ter amanhã, como vem essa ata, e se vai mudar a interpretação. Pode até cair mais [os juros] se houver expectativa de cortar os juros antecipadamente”, ponderou Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.
Além disso, o mercado avalia a pesquisa Focus de hoje que reduziu de 5,12% para 5,06% a previsão para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023. Para 2024, as instituições financeiras reduziram de 4,00% para 3,98% a previsão para a inflação medida pelo IPCA. A meta para a inflação no período é de 3%.
Por volta das 12h50 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,015% de 13,005% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,005% de 11,010%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,380%, de 10,400%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10, 375% de 10,395% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em baixa, cotado a 4,7700 para venda.
Veja como estava o mercado por volta das 13h10 (de Brasília):
IBOVESPA: 117.996,66 (-0,82%)
DÓLAR À VISTA: R$ 4,7700 (-0,14%)
DI JAN 2024: 13,005% (+0,11%)
DI JAN 2027: 10,365% (-0,04%)
Camila Brunelli / Agência CMA
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