O Índice Ifo, considerado o principal indicador antecedente da economia alemã, registrou uma queda significativa pelo segundo mês consecutivo, sinalizando que a tão esperada recuperação do país pode ter chegado ao fim antes mesmo de começar.
No mês de junho, o Índice Ifo caiu para 88,5 pontos, em comparação com os 91,7 pontos registrados em maio, marcando uma queda expressiva após seis meses de expansão econômica. Essa desaceleração pode ser atribuída a diversos fatores, como a reabertura mais lenta do que o esperado na China, uma iminente recessão nos Estados Unidos e as políticas monetárias restritivas em vigor. Esses elementos parecem estar impactando negativamente o sentimento das empresas alemãs.
“A sensação crescente de que a Alemanha está passando por um período mais longo de crescimento moderado parece ter atingido os negócios locais. Tanto a avaliação atual quanto as expectativas futuras caíram, com as expectativas alcançando níveis tão baixos quanto no final do ano passado”, diz Carsten Brzeski, chefe global de macroeconomia do ING.
Ele ressalta que o Índice Ifo, que vinha apresentando alta nos últimos meses, contrasta com a realidade econômica, na qual houve uma contração de 0,5% no quarto trimestre de 2022 e de 0,3% no
primeiro trimestre de 2023. Brzeski destaca ainda que fatores como “a guerra na Ucrânia, a crise energética e o estímulo fiscal minaram a confiança em indicadores anteriormente confiáveis, como o próprio índice Ifo”.
De acordo com Brzeski, “a economia alemã está enfrentando uma verificação de realidade desconfortável”, em que os indicadores suaves ou avançados se tornaram mais “suaves” do que “avançados”. Ele enfatiza que “a relação entre dados flexíveis e concretos, seja o limite de 50 dos PMIs ou a tendência em outros indicadores, foi claramente enfraquecida.”
Apesar desses desafios, ainda existem alguns fatores que podem trazer um alívio temporário para a economia alemã. “A recuperação hesitante da China, por exemplo, pode trazer surpresas positivas no curto prazo.” No entanto, diante dos obstáculos cíclicos e estruturais que a Alemanha enfrenta, como as mudanças demográficas e a transição energética, é evidente que o otimismo inicial está diminuindo e preocupações crescentes em relação ao crescimento econômico estão surgindo.
“Não estamos dizendo que a economia alemã entrará em recessão nos próximos dois anos, mas com os vários desafios de curto e longo prazo, o crescimento permanecerá, na melhor das hipóteses, moderado”, conclui o especialista.