As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em baixa refletindo decisões de autoridades monetárias no Brasil e no mundo. Depois do comunicado hawkish do Comitê de Política Monetária (Copom), em que manteve juros no mesmo patamar, mas não sinalizou cortes no curto prazo, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell disse que há possibilidade de novas altas de juros nos Estados Unidos, ainda esse ano. Os dados de PMIs divulgados hoje também foram fracos.
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O anúncio do Banco Central (BC) coincidiu com aperto monetário do mundo todo. Noruega e Inglaterra subindo juros – esta última muito forte, acima do esperado – para controlar uma inflação que demora a arrefecer, observa o economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho.
“O que a gente viu não é um caso isolado: o Brasil não é uma Ilha, então a bolsa aqui reflete também o que tá acontecendo lá fora, e o que a gente viu foi um forte aperto monetário para tentar controlar essa inflação – e como todo brasileiro já conhece, ela não acaba de um dia para o outro”, lembrou Carvalho.
No Brasil, o mercado esperava por uma sinalização de queda de juros na próxima reunião, o que não aconteceu. “O tom do comunicado veio mais hawkish que o esperado”, analisa o chefe da mesa de operações e sócio da Ação Brasil Investimentos.
“Os juros futuros (DIs) caindo por toda curva, seguindo a expectativa de que no Brasil o corte na Selic pode demorar mais um pouco, mas quando acontecer apresente um tom mais agudo, levando a taxa a um patamar de 12% em 2024”, estima.
O especialista diz que os próximos dois meses serão decisivos para a trajetória de juros e inflação no Brasil após a pausa na tempestade dos últimos meses e com a pressão por novas quedas de juros. “Devemos ter a manutenção da Selic na próxima reunião em agosto, em que deve haver a sinalização de quando o corte pode ocorrer. Ao que tudo indica ele se dará muito provavelmente na reunião de setembro, já que se fosse para agosto teriam sinalizado agora. O Copom está bem assertivo no discurso e não vai mudar agora.”
“Mercados estavam muito felizes e afoitos, achando que tudo estava resolvido, mas os bancos centrais seguem com a política de aperto monetário.”
O analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, no entanto, acha que o otimismo de hoje, se deve à notícia de que pessoas do colegiado do Comitê de Política Monetária (Copom) teriam procurado integrantes do Congresso e do governo a fim de explicar que, ao contrário do que o mercado havia interpretado, o texto deixa, sim, uma porta para um corte na Selic (taxa básica de juros) em breve.
“A notícia de que o Banco Central (BC) está aberto, sim para o corte de juros – embora o mercado não tenha interpretado isso – mostra um cenário bem benigno e deve dar um alívio muito grande para as taxas, principalmente para os vértices curtos e intermediários, que sofreram muito”, analisa.
Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,020% de 13,085% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,025% de 11,160%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,395%, de 10,525%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,390% de 10,515% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a 4,7800 venda.
Camila Brunelli / Agência CMA
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Imagem: Piqsels