O Ibovespa opera de lado enquanto as taxas caem e o dólar opera em alta no mercado financeiro brasileiro nesta sexta-feira. A Bolsa opera com volatilidade, com viés positivo, com os investidores reagindo às declarações do economista e indicado para assumir o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel, Galípolo, em que sinalizou que o BC vai deixar mais claro na ata do Copom, na próxima terça-feira (27), as sinalizações sobre a queda da taxa básica de juros (Selic).
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Em meio a isso, as commodities caem e o exterior opera no negativo.
Galípolo concedeu entrevista na noite de ontem ao programa Economia para você, da BandNews. Ele também comentou sobre a meta de inflação e reafirmou que a discussão sempre foi feita dentro do governo de forma técnica.
Galípolo foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda de janeiro até o começo desta semana e em 4 de julho será sabatinado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, para poder assumir o cargo no Banco Central.
Mais cedo, nos Estados Unidos, o índice de gerentes de compras (PMIs, sigla em inglês) do setor industrial nos Estados Unidos caiu para 46,3 pontos em junho na leitura preliminar, ficando aquém do esperado de 49,0 pontos. Já o PMI de setor de serviços caiu para 54,1 pontos e a expectativa dos analistas era de 53,0 pontos.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíam 1,93% e 2,28%. Vale cedia 1,44%.
Às 12h53 (horário de Brasília) o principal índice da B3 subia 0,15%, aos 119.123,48 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdia 0,18%, aos 121.310 pontos. O giro financeiro era de R$ 13,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em queda.
Flavio Aragão, sócio da 051 Capital, disse que a Bolsa repercute a fala do Gabriel Galípolo, na noite de ontem em entrevista à BandNews, sobre o comunicado do Banco Central e afirmou que a ata do Copom vai esclarecer mais sobre a indicação de corte da Selic.
“Ele [Galípolo] disse que a ata deve vir mais confortável, dá uma brecha que o BC está alinhado e no sentido de que vai cortar essa taxa, dá a entender que vai ser em agosto, mas para o mercado pouco importa, o importante é que o ciclo de queda vai começar, então o mercado está se antecipando o movimento; ele fala duas coisas importantes, que a discussão da meta foi bem feita e a meta de longo prazo vai se consolidar em 3%”.
O dólar comercial opera em leve alta, perto da estabilidade, recuperando parte das perdas acumuladas ao longo da semana. O clima de aversão ao risco no exterior sustenta a alta da moeda norte-americana.
“Dólar abriu em alta devido ao sentimento negativo mundo afora, mas voltou a estabilidade, mesmo com mercados – e commodities – em sua maioria no vermelho. O sentimento negativo se deve por dados de PMI frustrantes na zona do euro, que aumentam o medo de uma recessão global”, ponderou o trader do Braza Bank, Gabriel Ribeiro.
Em ambiente interno, o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), veio sem o sentimento ‘dovish’ que era amplamente esperado pelo mercado, pode fazer o real continuar performando acima dos pares, apesar dos anúncios de políticas econômicas mais apertadas nos Estados Unidos e Europa, segundo análise do especialista.
“Mercado agora aguarda a ata do Copom, na próxima terça-feira. Dúvida é saber se a Selic começa a ser reduzida em agosto ou apenas em setembro (e em que intensidade). Mercado considera que nada muda e o ciclo de corte de juros deve acontecer”, explica a Mirae Asset, em boletim.
Segundo a reportagem do Antagonista, “a pista sobre o início de ciclo de quedas nos juros deve ficar mais clara na Ata do Comitê que será publicada na terça-feira.”
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em baixa, acompanhando pessimismo no exterior. Nos Estados Unidos, as treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) caem ainda em resposta às falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que disse que há possibilidade de novas altas de juros ainda esse ano, além de PMIs decepcionantes.
A promessa de juros altos dos Bancos Centrais elevam os temores com relação a uma recessão global adiante, resultando em maior aversão ao risco e queda das bolsas internacionais, com as ações de tecnologia caindo mesmo diante de menores taxas de juros.
“A notícia de que o Banco Central (BC) está aberto, sim para o corte de juros – embora o mercado não tenha interpretado isso – mostra um cenário bem benigno e deve dar um alívio muito grande para as taxas, principalmente para os vértices curtos e intermediários, que sofreram muito”, analisa Bruno Komura, analista da Ouro Preto investimentos.
Segundo a reportagem do Antagonista, pessoas do colegiado do Comitê de Política Monetária (Copom) teriam procurado integrantes do Congresso e do governo a fim de explicar que, ao contrário do que o mercado havia interpretado, o texto deixa, sim, uma porta para um corte na Selic (taxa básica de juros) em breve.
Veja como estava o mercado por volta das 13h20 (de Brasília):
IBOVESPA: 119.031,64 (+0,08%)
DÓLAR À VISTA: R$ 4,7790 (+ 0,16%)
DI JAN 2024:13,010 % (+ 0,30%)
DI JAN 2027:10,365 % (- 1,47%)
Camila Brunelli / Agência CMA
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