Como amplamente esperado, o Copom manteve a taxa Selic em 13,75% pela sétima reunião consecutiva. O comitê mencionou alguma melhora nas perspectivas de inflação, o que, na opinião da XP Investimentos, abre as portas para um possível corte na próxima reunião. “Ao mesmo tempo, apontou que o cenário continua exigindo cautela e parcimônia, o que significa que o primeiro corte de juros não será agressivo”, complementou Caio Megale, economista-chefe da XP.
O Copom ainda descreveu o ambiente global como desafiador, com os bancos centrais enfrentando uma inflação resiliente. No campo doméstico, vê desaceleração da atividade econômica e medidas subjacentes de inflação acima da meta – embora reconheça que a inflação ao consumidor caiu recentemente.
A projeção do Copom para a inflação de 2023 caiu de 5,8% para 5,0%, enquanto a projeção para a inflação de 2024 caiu de 3,6% para 3,4% (estimávamos 5,1% e 3,3%, respectivamente).
Para Megale, o último parágrafo do comunicado é fundamental. Por um lado, o Copom antecipa que o processo atual de desinflação tende a ser mais lento, em meio a expectativas desancoradas. Assim, cautela e parcimônia permanecem cruciais. Por outro lado, diz que a estratégia de manter a taxa Selic nos níveis atuais por um longo período tem sido adequada para assegurar a convergência da inflação, ao invés de ser capaz de como na declaração anterior. “A nosso ver, é um sinal de que manter a taxa Selic estável à frente não é necessariamente o plano do comitê”, avaliou.
De fato, o Copom afirmou que os passos futuros da política monetária serão dependentes dos dados, mencionando a dinâmica da inflação corrente, as expectativas de inflação, o hiato do produto, etc. Além disso, a autoridade monetária retirou a seção sobre o cenário alternativo em que não hesitaria em retomar o ciclo de aperto caso o processo desinflacionário não ocorresse conforme o esperado.
“Em resumo, acreditamos que a estratégia do Copom é manter as taxas estáveis por mais algum tempo ou iniciar um afrouxamento monetário gradual em breve. Assim, vemos a declaração de hoje consistente com o nosso cenário base (desde abril), que considera um corte de 0,25pp em agosto, seguido de cortes de 0,50pp até a taxa Selic atingir 11,00% ao final do 1T24”, concluiu.
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