O Ibovespa opera de lado, enquanto juros e taxas DI operam em alta e o dólar estadunidense cai no mercado financeiro brasileiro nesta quarta-feira. No final da primeira metade do pregão, a Bolsa operava de lado em um dia importante para o mercado doméstico com os investidores à espera para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), mas principalmente de olho no comunicado para ver se vai ter sinais de queda de juros nos próximos encontros e com a disparada das ações das Petrobras (PETR3 e PETR4).
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Ainda no ambiente doméstico, foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, o arcabouço fiscal e agora segue para ao plenário da Casa.
Mais cedo, os investidores acompanharam a participação do presidente do Fed, Jerome, na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, em que confirmou que praticamente todos os integrantes do Fed acreditam em mais aumentos de juros até o fim do ano.
Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiam forte 3,26% e 3,20% refletindo a recomendação de neutra para compra pelo banco norte-americano Goldman Sachs. As ações da Vale (VALE3) e siderúrgicas caíam acompanhando em meio às incertezas à economia chinesa. Vale tinha queda de 1,07%.
Às 12h40 (horário de Brasília) o principal índice da B3 subia 0,14%, aos 119.792,68 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto tinha alta de 0,08%, aos 122.075 pontos. O giro financeiro era de R$ 9,5 bilhões. Em Nova Iorque, as bolsas operavam mistas.
Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa opera com instabilidade em dia de Copom, refletindo um pouco as falas mais dura do Jerome Powell e questão técnica.
“Temos uma incerteza geral com o mercado aguardando uma sinalização, juntamos uma questão fundamentalista com a técnica, o Ibovespa vem de nove semanas de alta e três dias batendo um patamar e voltando, com sinalização que tem um topo de 120 mil pontos, talvez a Bolsa esteja procurando um ponto para corrigir e ganhar fôlego e daí ganhar tração”.
O dólar comercial opera em queda. Após subir perto das 9h30, a moeda voltou a cair depois que o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse que quase todos os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) acreditam em mais aumento na taxa de juros do país até o fim do ano. Por aqui, o mercado também mostra preocupação com as alterações feitas no Senado no texto da nova regra fiscal e aguarda a decisão sobre o futuro da taxa Selic.
Na leitura do analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, o dólar foi impactado pelas falas de Powell no Congresso, mas com ressalvas. “Tem um atenuante: o Brasil continua atrativo pelo diferencial de juros e deve contrabalancear”, analisa.
“O fluxo está muito forte para Brasil, e o câmbio está destoando de bolsa e juros faz um tempo. O dólar deve continuar o movimento de se desvalorizar mais para frente, depois que todo esse ruído passar”, disse Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.
“Aí teremos: Brasil atrativo e movimento global do dólar” calcula.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) passaram a operar majoritariamente em alta depois da fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, de que deve haver aumento de juros no país ainda esse ano. Esse cenário mostra que, com a inflação resiliente nos Estados Unidos, os cortes promovidos pelo Comitê de Política Monetária (Copom) devem ocorrer em menor velocidade do que o mercado esperava, em postura mais conservadora por parte do Banco Central (BC).
Em dia de decisão do Copom a respeito das taxas de juros, o mercado é unânime em estimar que a Selic (taxa básica de juros) deve ser mantida no mesmo patamar.
No entendimento do economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, as curvas longas estão caindo mais, refletindo a balança comercial brasileira positiva, a melhora do rating do Brasil pela S&P. “O risco de crédito no Brasil vem caindo bastante”, comenta.
Carvalho defende que, mais do que as falas da manhã de Powell – que podem indicar pressão inflacionaria persistente -, as taxas mais curtas em alta denotam uma postura mais conservadora por parte do Banco Central. “Mostram um BC mais conservador e que talvez não corte os juros tanto quanto é esperado – o mercado esperava fechar o ano em 12%. Trata-se de um BC mais data-dependente e que pode não baixar os juros nessa velocidade.”
Veja como estava o mercado por volta das 13h20 (de Brasília):
IBOVESPA: 34.082,00 (+ 0,09%)
DÓLAR À VISTA: R$ 4,7660 (- 0,64%)
DI JAN 2024:13,020 % (+ 0,11%)
DI JAN 2027:10,520 % (- 0,33%)
Camila Brunelli / Agência CMA
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Imagem: Unsplash