O dólar à vista registrou alta superior a 1% no mercado doméstico de câmbio, encerrando acima de R$ 4,95, em sintonia com o fortalecimento global do dólar. A divulgação dos dados de emprego nos EUA em janeiro superou as expectativas, influenciando as apostas sobre o início do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano.
No início das negociações, o dólar inicialmente manteve a tendência de queda do dia anterior, atingindo a mínima de R$ 4,9083. Contudo, com a divulgação do relatório de emprego (payroll) de janeiro, a moeda norte-americana começou a subir, ultrapassando rapidamente a marca de R$ 4,95. A máxima, alcançada no início da tarde, foi de R$ 4,9763, impulsionada pelo avanço nas taxas dos Treasuries.
Ao final do dia, o dólar apresentava uma valorização de 1,07%, cotado a R$ 4,9683, o maior fechamento desde 22 de janeiro (R$ 4,9873), resultando em um avanço semanal de 1,17%.
Análise de especialista
Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust, destaca a força do resultado do payroll, indicando que o Fed agiu com prudência ao adotar uma comunicação mais cautelosa. Ele observa que as expectativas de mercado para os cortes de juros em 2024 estavam entre 150 e 175 pontos base, mas a desaceleração da inflação deve ocorrer de forma mais gradual. Velho ainda ressalta a resiliência da economia americana, evidenciada pelos balanços das empresas dos EUA, enquanto as bolsas e moedas emergentes sofrem com a alta dos Treasuries.
Taxa Básica nos Estados Unidos
Na quarta-feira (31), o Federal Reserve anunciou a manutenção da taxa básica na faixa entre 5,25% e 5,50%. O BC americano enfatizou que não seria apropriado reduzir a taxa básica até que haja maior confiança na sustentação da inflação em direção à meta de 2%. O presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista coletiva, praticamente descartou a possibilidade de redução dos juros em março, deslocando as expectativas para maio. Após dados positivos no payroll e na confiança do consumidor, as chances de redução em maio diminuíram de 93,8% para 71,2%, com apostas marginais em junho.
Payroll
O Departamento de Trabalho dos EUA anunciou a criação de 353 mil empregos em janeiro, superando as estimativas dos analistas. A taxa de desemprego ficou em 3,7%, surpreendendo positivamente, enquanto os salários apresentaram crescimento mensal e anual acima das previsões. A combinação desses fatores contribuiu para uma maior rigidez da inflação, impactando os mercados globais.