As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas, em dia de grande volatilidade. Dados de relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) bem acima do esperado nos Estados Unidos mostram economia resiliente e geram expectativas quanto às próximas decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Em ambiente doméstico, uma trajetória de melhores dados de inflação, aprovação do marco fiscal e PIB acima do esperado deixam os agentes de mercado com as atenções voltadas para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
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Para Bruno Komura, as taxas mais curtas reagem à indefinição de quando começam os cortes de juros no curto prazo, pelo Copom. Os longos refletem a diminuição do risco depois do resultado do Payroll.
“Aumento salarial e taxa de desemprego vindo na direção oposta dão a ideia de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai parar de subir os juros. É capaz que na reunião de junho já tenha esse anúncio, o que o resto do mundo entre no ciclo de baixa – e o Brasil deve ser o primeiro a cortar.”
A economia dos Estados Unidos criou 339 mil vagas de trabalho em maio e a taxa de desemprego subiu para 3,7%, de 3,4% em abril. O número de criação de vagas veio acima da projeção dos analistas, que esperavam 190 mil novos postos de trabalho. Já a taxa de desemprego veio acima da previsão de 3,5%. Aqui no Brasil, a produção industrial caiu 0,6% em abril ante março, após ter subido 1,1% no mês imediatamente anterior. O resultado foi pior que a projeção de estabilidade, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA
“A economia brasileira continua bastante forte e, por mais que tenha espaço para corte de juros, não acredito que começe já em agosto, deve ser mais para setembro ou outubro”, projeta. “O PIB também veio super forte por causa do agro, mas manufatura veio bem fraco e deve começar a bater nos outros setores”, analisa Komura, explicando a tímida alta das taxas curtas.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que o Payroll trouxe informações antagônicas para os juros. Segundo ele, enquanto os agentes que projetam alta no juro vão focar no forte resultado da criação de vagas, os agentes que projetam estabilidade da Fed Funds Rate vão apontar uma desaceleração maior do que o esperado nos rendimentos e no avanço da taxa de desemprego.
“Avaliamos que liquidamente o mercado pode até interpretar o resultado para implicações hawkish, mas como os objeto de política monetária do Fed são o desemprego, que subiu, e a inflação, cujo salários mais baixos sugerem descompressão, mantivemos nossa perspectiva de a autoridade monetária não irá elevar a Fed Funds Rate tão em breve”, analisa.
“A principal argumentação que julgamos que vai balizar a interrupção da alta é que se trata de um momento oportuno para observar os efeitos defasados da política monetária”, conclui.
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,195% de 13,195% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11, 460% de 11,470%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,790%, de 10,915%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,770% de 10,945% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em baixa, cotado a 4,9610 para venda.
Camila Brunelli / Agência CMA
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Imagem: Piqsels