O dólar comercial fechou em alta de 0,22%, cotado a R$ 4,9872. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não comece o corte dos juros na reunião de junho.
Esse movimento acompanhou a tendência de valorização da moeda americana no cenário internacional, desencadeada pelo resultado acima do esperado da inflação ao produtor nos Estados Unidos. O indicador aumentou a possibilidade de um ajuste menos agressivo na política de redução de juros pelo Federal Reserve ao longo deste ano, o que também influenciou a elevação das taxas dos Treasuries, prejudicando as divisas emergentes.
Inflação ao produtor nos EUA supera expectativas
O índice de inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos apresentou um aumento de 0,6% em fevereiro, superando as expectativas do mercado, que previam um avanço de 0,3%. O núcleo desse índice, que exclui itens mais voláteis como energia e alimentação, também registrou um crescimento de 0,3%, ligeiramente acima do esperado. Esses dados, somados à recente performance do índice de preços ao consumidor (CPI), reforçam as expectativas de uma postura menos dovish por parte do Federal Reserve.
Real tem desempenho inferior ao peso mexicano
O desempenho do real em relação ao dólar neste ano tem sido inferior ao de outras moedas emergentes, como o peso mexicano. Questões domésticas têm contribuído para essa disparidade. O dólar teria um valor estimado de R$ 4,78 se o real acompanhasse o desempenho do peso mexicano. No entanto, intervenções do governo na economia, exemplificadas pelos casos da Vale e Petrobras, têm impactado negativamente a moeda brasileira.
Respiro pela manhã atribuído a ajustes e indicadores econômicos
A breve queda do dólar durante a manhã foi atribuída a ajustes e à interpretação positiva dos dados de vendas no varejo em janeiro. Esse cenário sugere uma atividade econômica mais robusta do que o previsto, o que pode influenciar as decisões futuras sobre a taxa Selic. Operadores também destacam o papel do fluxo comercial, que tem impedido uma valorização mais acentuada do dólar nas últimas semanas.
Análise de especialista
De acordo com o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o índice de preços ao produtor, que teve alta, em fevereiro, de 0,6% ante expectativas de 0,3%, fez com que as apostas para início cortes caíssem a 65% de chance – na última segunda (11) eram de 86%.
Isso, observa Weigt, faz com que as Treasuries subam, além de fazer com que a divisa estadunidense ganhe força perante as moedas emergentes e desenvolvidas.
Fluxo cambial registra saldo positivo em março
Dados divulgados pelo Banco Central revelam um saldo positivo no fluxo cambial em março, com uma entrada líquida de US$ 2,233 bilhões até o dia 8, impulsionada pela entrada de recursos via comércio exterior. No acumulado do ano, o saldo total é de US$ 5,312 bilhões, refletindo uma entrada líquida de US$ 9,193 bilhões. Esse cenário contrasta com o registrado no ano anterior, quando o saldo total era positivo em US$ 10,266 bilhões até o dia 10 de março.