O Relatório de Economia Bancária, divulgado ontem (29/5) pelo Banco Central, mostrou o segmento de cartões de crédito com 48% de inadimplência sobre as faturas mensais, que significa que este é percentual de pessoas que não conseguem arcar com as faturas do cartão de crédito mensalmente, caindo na linha do crédito rotativo.
Na avaliação da Levante Ideias de Investimentos, os dados são “preocupantes” devido ao alto nível de inadimplência apresentado pelo segmento e evidencia os gatilhos de endividamento nos segmentos de Pessoa Física dos bancos, que, conforme mencionado, têm feito níveis crescentes de provisionamento reportados nos resultados dos últimos trimestres. Além disso, o relatório demonstrou que mais da metade dos clientes dos bancos utilizam mais de 80% do limite de crédito dos cartões, configurando um nível alto de dependência do cartão, com altíssimo potencial de endividamento.
“Vale ressaltar que essa linha de crédito vem sendo transformada em linhas menos caras para os clientes e com juros e prazos fixos, a fim de minimizar o efeito bola de neve”, escrevem os analistas da Levante.
“Com o estudo, ficou evidente que os balanços dos bancos e fintechs, que vem reportando níveis crescentes em inadimplência nas carteiras de Pessoa Física, terão que apresentar níveis maiores de provisionamento em PDD dado o crescente risco”, acrescenta.
Segundo o BC, a avalanche de cartões no mercado foi puxada pela ascensão das Fintechs no Brasil, que dobrou o número de cartões de crédito ativos no país, saindo de 100 milhões para pouco mais de 200 milhões de cartões ativos no Brasil. O regulador acrescenta, no entanto, que apesar do aumento da competição, o mercado ainda é dominado pelos grandes conglomerados bancários.
“Com uma possível medida do Banco Central junto das instituições está a reformulação nas políticas de concessão de cartões de crédito, principal driver de endividamento dos clientes Pessoa Física, em que, além da diminuição de cartões ativos circulando na economia, as linhas de crédito remodeladas permitiriam que os bancos e fintechs fizessem menores níveis de provisão, impactando positivamente os balanços das instituições”, finaliza a Levante.
Cynara Escobar / Agência CMA
Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil