O mercado doméstico de câmbio presenciou mais um dia de alta do dólar, que flertou com o fechamento acima do nível de R$ 5 nesta sexta-feira, 15. O cenário foi marcado pela valorização da moeda americana no exterior e pelo avanço das taxas dos Treasuries.
Esses movimentos se deram sob o impacto dos índices de inflação nos Estados Unidos divulgados nesta semana, o que levou investidores a adotarem uma postura defensiva, aguardando a decisão de política monetária do Federal Reserve na próxima quarta-feira (20).
O dólar encerrou a sessão em alta de 0,22%, cotado a R$ 4,9973, com uma valorização acumulada de 0,50% no mês.
Indicadores econômicos e incertezas políticas
Apesar dos indicadores positivos recentes da economia brasileira, como os dados fortes do varejo em janeiro e os números robustos do setor de serviços e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), há uma cautela entre os investidores. Analistas apontam que o receio de aumento de gastos públicos pelo governo Lula para recuperar a popularidade e as incertezas em torno dos dividendos da Petrobras têm impulsionado a busca por proteção na moeda americana.
Expectativas em relação às decisões do Fed e do BC
Com a proximidade das decisões de política monetária tanto do Federal Reserve quanto do Banco Central do Brasil, previstas para o dia 20, os investidores especulam sobre possíveis desdobramentos. Alguns analistas já consideram a hipótese de desaceleração do ritmo de cortes da taxa Selic até meados deste ano, influenciando o comportamento do mercado cambial.
Análise e projeções de mercado
Em entrevista ao Estadão, Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank, o comportamento do dólar em março tem sido “um pouco pior” que de outras moedas emergentes. As projeções de redução dos juros pelo Federal Reserve e questões internas, como os dividendos da Petrobras, podem continuar impactando o mercado cambial, podendo levar o dólar a um novo patamar entre R$ 5 e R$ 5,10, caso as projeções mais conservadoras se confirmem.