O dólar à vista registrou variações ao longo do dia, encerrando esta terça-feira, 19 de março, em alta de 0,08%, cotado a R$ 5,03.
Durante a manhã, a moeda norte-americana chegou a apresentar uma alta mais expressiva, atingindo a marca de R$ 5,0549. Entretanto, perdeu força no período da tarde devido a relatos de entrada de fluxo comercial e realização de lucros. A cotação mínima, alcançando R$ 5,0170, ocorreu na segunda etapa de negociações, influenciada pelo recuo das taxas dos Treasuries e pelas máximas do Ibovespa.
Cautela dos investidores com sinais do Fed
A permanência da taxa de câmbio acima de R$ 5 indica uma postura cautelosa por parte dos investidores, especialmente diante das expectativas em relação à política monetária do Federal Reserve (Fed) para este ano. É amplamente esperado que o banco central americano mantenha a taxa básica de juros no intervalo entre 5,25% e 5,50%.
As atenções estão voltadas para as projeções dos dirigentes contidas no “gráfico de pontos”, que anteriormente indicava uma previsão majoritária de três cortes de juros nos EUA para este ano, e para a entrevista do chairman Jerome Powell após a decisão. Por enquanto, as expectativas ainda apontam para uma redução da taxa básica em 75 pontos-base neste ano.
Preocupações com inflação americana
Nos últimos dias, as preocupações com a inflação nos Estados Unidos, após a divulgação dos índices de preços ao consumidor e ao produtor na semana passada, levaram a uma redução das chances de corte de juros pelo Fed em junho, de cerca de 70% para pouco mais de 50%. Esse cenário provocou um aumento nas taxas dos Treasuries e uma valorização global do dólar, especialmente em comparação com as moedas de países emergentes.
Análise da economista-chefe da Armor Capital
Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, destacou, em entrevista ao Estadão, que o recente enfraquecimento do real está relacionado ao fortalecimento global do dólar americano, principalmente após a leitura acima das expectativas do índice de preços ao produtor em janeiro. Ela aponta que, internamente, não há eventos que neutralizem esse efeito externo, citando o ambiente político conturbado e a queda de popularidade do presidente Lula, que pode resultar em ações populistas e mais gastos.
Desempenho relativo do real
Apesar dos fundamentos econômicos mais sólidos, o real tem apresentado um desempenho relativo inferior em comparação com suas principais moedas parceiras nos últimos dias. Isso ocorre mesmo diante de indicadores positivos, como o bom desempenho da balança comercial e uma arrecadação federal mais robusta no início do ano, o que poderia adiar a discussão sobre a revisão da meta de resultado primário do governo.
Cenário internacional
No cenário internacional, o índice DXY teve uma alta ao longo do dia, com destaque para a valorização em relação ao iene. Apesar do Banco do Japão ter elevado a taxa de juros pela primeira vez em 17 anos e abandonado o controle da curva, o BoJ reiterou que as condições financeiras permanecerão acomodatícias.