O dólar segue em baixa corrigindo após a forte alta de ontem, provocada pela indefinição em torno do acordo sobre o teto de gastos nos Estados Unidos. O mercado avalia ainda a possibilidade do início dos cortes dos juros no Brasil e o IPCA-15 abaixo do esperado divulgado ontem.
“Saiu o dado do fechamento das contas externas para os primeiros quatro meses do ano, e a gente teve um déficit – assim como o ano passado – mas uma desaceleração nesse déficit. O que vem segurando de forma positiva é a balança comercial de exportações do Brasil pro exterior, porque o que a gente vê ainda é um fluxo muito grande de remessas, tanto de pessoas físicas, quanto de empresas, para fora”, analisa o economista da Valor Investimentos, Paulo Henrique Duarte.
Por causa desse fluxo, diz o especialista, é possível ver o real se apreciando frente ao dólar. O dólar vem depreciando frente a uma cesta de moedas tanto de países emergentes, quanto de países desenvolvidos. E apesar do fluxo negativo das contas, a gente também tem visto esse movimento aqui no Brasil.”
André Fernandes, sócio da A7 Capital, considera que o dólar cai em movimento de correção depois da alta de ontem. “O dólar segue em baixa, tá caindo contra os pares emergentes, e é natural uma correção hoje porque subiu demais ontem. Hoje o pregão deve ser um pouco mais leve ali em relação a ele [dólar]”, diz o especialista.
Fernandes explicou os motivos que fizeram o dólar avançar no pregão de ontem: “pagamento de ADRs da Petrobras e a expectativa de queda do diferencial de juros entre o Brasil e Estados Unidos.
“Ontem houve pagamento de provento da Petrobras para acionistas estrangeiros, que detêm ADRs (recibos da Petrobras negociados lá na bolsa norte-americana), então ontem o investidor estrangeiro fez essa remessa comprando 37 mil contratos de dólar”, relatou Fernandes. “É um movimento bem intenso e é por isso que o dólar acabou subindo muito.”
O outro ponto é que com juros menores aqui no Brasil, eventualmente vai cair também o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos. “A queda desse diferencial de juros também acaba impactando negativamente no trade e fica menos atrativo para o investidor estrangeiro”, explica.
“Então uma queda no diferencial de juros Brasil x Estados Unidos, acaba refletindo no câmbio e o dólar acaba subindo por conta disso.”
Por volta das 12h (horário de Brasília), o dólar comercial recuava 0,49%, cotado a R$ 5,0110 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em junho de 2023 caia 0,58%, cotado a R$ 5.012,000.