A Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apontou que o saldo total da carteira de crédito em abril deverá ficar estável (0%), com relativo equilíbrio em todos os segmentos.
O destaque positivo do mês deverá ficar com a carteira direcionada pessoa jurídica, com estimativa de alta de 0,4%, suficiente para sustentar o ritmo de expansão anual, de 7,3% para 8,5%, principalmente pela retomada das contratações via programas públicos e maior demanda pelos recursos do BNDES.
As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país e a pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central, que será divulgada em 30 de maio.
Ainda no crédito pessoa jurídica, o segmento livre deverá ser afetado pela piora da percepção de risco no segmento e pela sazonalidade negativa das linhas de fluxo de caixa, e devem encerrar abril com recuo de 0,3%. Assim, a carteira pessoa jurídica deverá terminar o mês de abril com ligeira queda, de 0,1%.
O crédito destinado às famílias, por sua vez, deve mostrar ligeira alta, de 0,1% no mês, refletindo o avanço de 0,2% da carteira livre e estabilidade (0%) da carteira direcionada. Com o resultado, o ritmo de expansão da carteira pessoa física livre deve seguir em trajetória de acomodação, de 15,4% para 13,5%, enquanto a carteira direcionada deve permanecer com ritmo de expansão bastante elevado, com projeção de alta de 17,9% ante 18% em março.
“A pesquisa também nos mostra que o ritmo de expansão anual da carteira total deve seguir perdendo ímpeto, passando de 12% para 11,1% em abril, refletindo o arrefecimento da atividade econômica e condições financeiras mais restritivas, como já tem sido detectado desde o ano passado em nossos levantamentos”, avaliou Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
CONCESSÕES
As concessões de crédito devem mostrar recuo de 15,8% em abril. O resultado é afetado pelo menor número de dias úteis ante março e pela sazonalidade negativa de algumas modalidades pessoa jurídica. Quando ajustado por dias úteis, a estimativa é de alta de 7,5%.
As concessões às empresas devem mostrar ligeira alta, de 3,2%, com ajuste também por dias úteis, o que sugere alguma normalização nas linhas mais afetadas pelo caso Lojas Americanas, além de recentes pedidos de recuperação judicial por grandes empresas do varejo.
Para as famílias, as concessões devem crescer 11,2% (também ajustadas). O maior volume deve vir especialmente das operações livres, com a retomada da oferta de crédito consignado do INSS (após a solução do impasse sobre a redução dos juros da modalidade).
Já na visão acumulada em 12 meses, o volume de concessões deve seguir em tendência de acomodação, desacelerando de 14,8% para 12,6%. A perda de ímpeto deve seguir puxada pelas operações com recursos livres, que devem passar de 14,2% para 11,8%, refletindo a já mencionada piora das condições econômicas.
Emerson Lopes / Agência CMA
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