O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caiu 0,88%, aos 127.027,10 pontos, nesta sexta-feira (22). Essa queda, segundo analistas, foi impulsionada por preocupações em relação à política fiscal do governo, além da expectativa de que o Banco Central reduza a taxa Selic em um ritmo menos acelerado do que o previsto anteriormente.
Durante o dia, oscilou entre a mínima de 126.879,44 (-1%) e a máxima de 128.158,57 (estável), com um volume de negociações de R$ 17,7 bilhões. O ganho semanal, que chegou a 1,88% na quarta-feira, acabou sendo reduzido para 0,23%.
Percepções fiscais negativas afetam mercado
Mais cedo foi divulgado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, o relatório de receitas e despesas do primeiro bimestre de 2024. O governo projeta déficit no resultado primário do Governo Central de R$ 9,3 bilhões ou 0,1% do PIB e bloqueio de R$ 2,9 de despesas orçamentárias.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em coletiva à imprensa mais cedo, comemorou o resultado bimestral, mas disse que vai seguir acompanhando com mesmo rigor a evolução no ano.
Bruno Komura, analista da Potenza Investimentos, disse que a Bolsa cai refletindo a piora do fiscal, depois do comunicado do Copom mais duro.
“Pode ser que a gente tenha uma continuidade deterioração com a queda do presidente [Lula] nas pesquisas porque podemos ver anúncios de aumento de gastos. No relatório de receitas e despesas, o principal problema é a expectativa do resultado primário [projeção total de 2024 passou para R$ 9,3 bilhões, de R$ 9,1bi]. A gente não deve ter ajuste na meta nos próximos meses, talvez fique para o segundo semestre”.
Desempenho de setores e empresas
A queda das ações foi generalizada, com destaque para o setor financeiro, mineração e as cíclicas. A Vale (VALE3) caiu 1,15%. Itaú (ITUB4) perdeu 1,48% e Bradesco (BBDC4) recuou 1,27%. O Grupo Casas Bahia (BHIA3) e Marfrig (MRFG3) baixaram 12,93% e 6,60% e lideraram a queda do Ibovespa.
O destaque positivo ficou para Embraer (EMBR3) refletindo a elevação do preço-alvo pelo JP Morgan para R$ 51. A ação subiu 7,92%, a R$ 33,35. A Petrobras (PETR3 e PETR4) fechou em alta de 0,79% e 0,98%.