O Ibovespa e dólar estadunidense caem, enquanto as taxas operam em alta no mercado financeiro brasileiro nesta segunda-feira. A Bolsa opera entre os campos positivo e negativo com os investidores repercutindo as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campo Neto, de olho no marco fiscal e nas negociações em torno do teto da dívida dos Estados Unidos.
A ação de maior peso no índice, a Vale (VALE3), cai 1,35%, e reflete no Ibovespa, em contrapartida os papéis ligados ao consumo subiam. Magazine Luiza (MGLU3) tinha ganho de 5,21%.
As ações da Alpargatas (ALPA4) lideravam os ganhos do Ibovespa com a notícia de que a MS Alpa Participações fez uma oferta pública para adquirir até 32 milhões de ações da empresa. Os papéis subiam 15,29%.
Às 12h36 (horário de Brasília), o principal índice da B3 caía 0,04%, aos 110.698,52 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho subia 0,04%, aos 111.470 pontos. O giro financeiro era de R$ 8,4 bilhões. Em NY, os índices operavam mistos.
Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o Ibovespa cai “com o setor de matérias básicos, ligados a commodities, e de utilidades- energia e saneamento já consumo subindo; os investidores estão repercutindo as falas de Roberto Campo Neto em que disse que a mudança da meta da inflação vai ter um efeito contrário do esperado e os núcleos [da inflação] estão persistindo de forma desancorada; a luta contra a inflação deve persistir; hoje o Boletim Focus trouxe um ajuste prevendo inflação menor e crescimento do PIB maior, interessante para ancorar as expectativas”.
O dólar cai com mais ímpeto. Na falta de indicadores internos e externos, o mercado monitora a evolução das negociações sobre o teto da dívida nos Estados Unidos.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “ainda temos um impasse com a dívida nos Estados Unidos. No final das contas vão chegar a um acordo, mas vão deixar para o último minuto”.
Komura também entende que o boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central (BC), já reflete o corte no preço dos combustíveis, o que aumenta as expectativas para a redução na Selic (taxa básica de juros).
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) seguem em alta, puxadas pelas incertezas nas tratativas do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, sobre o teto da dívida norte-americana. Os treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) também estão em alta, contribuindo para o movimento das DIs daqui.
Falas da manhã de Roberto Campos Neto, presidente do BC, indicando que não há espaço para corte de juros no curto prazo, estão contribuindo para esse comportamento das taxas, além dos treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) estarem registrando alta, movimento que as DI domésticas seguem, conforme explicou o Estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.
“Apesar da queda na expectativa de inflação que o Boletim Focus mostrou, não vejo nenhuma mudança relevante no horizonte de políticas monetárias”, segundo o especialista.
“Acho que a mudança na expectativa da inflação está mais atrelada à redução dos preços dos combustíveis pela Petrobras, do que ao Focus, já que o BC está adotando padrão para desconsiderar esses movimentos pontuais de preços de combustíveis”, analisou.
“Há, ainda, uma preocupação com o teto da dívida, de ter havido um acordo, como se chegou a especular na sexta-feira”, disse. “Bullard, considerado um membro bastante hawkish (duro, com tendência de alta) chegou a falar em mais duas duas altas para conter.”
IBOVESPA: 110.587,55 (-0,14 %)
DÓLAR À VISTA: R$ 4,9670 (- 0,58 %)
DI JAN 2024: 13,320 % (+0,26%)
DI JAN 2027: 11,390 % ( +0,97 %)