O dólar comercial fechou em alta de 0,29%, cotado a R$ 5,06. A moeda refletiu, especialmente na parte da tarde, o payroll, que apontou a criação de 303 mil vagas ante projeção de 200 mil. O resultado mantém as incertezas sobre os próximos passos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Na semana, a moeda teve valorização de 1,01%.
Esse contexto internacional tem exercido pressão sobre o real brasileiro, que também sofre com crescente percepção de risco devido a disputas políticas internas e notícias relacionadas à Petrobras, afastando investidores de ativos locais.
Cenário internacional e tendências do dólar
No cenário externo, o índice DXY, que avalia o desempenho do dólar em relação a seis moedas fortes, operou em alta, ultrapassando os 104,300 pontos. O avanço das taxas dos Treasuries também contribuiu para a valorização do dólar e para pressionar a maioria das moedas emergentes e de países exportadores de commodities. Notavelmente, algumas moedas, como o peso mexicano e, em menor medida, o peso colombiano e o rand sul-africano, resistiram e se valorizaram em relação ao dólar.
Falas de dirigentes do Fed
Autoridades do Fed, como Michelle Bowman, expressaram cautela, evitando descartar o risco de aumentos nas taxas de juros, especialmente se os esforços contra a inflação forem frustrados. Outros membros, como Lorie Logan e Thomas Barkin, também compartilharam suas preocupações e reconheceram a força do relatório payroll.
Segundo o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, “os dados de hoje reforçam o sentimento de que o Fed não tem pressão para cortar os juros já que a economia está forte. Talvez não comecem em junho”.
Leal pontua que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), divulgado na próxima quarta, será determinante na decisão do Fed.
Análise do mercado
O economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, destaca que o aumento nas taxas dos T-notes de dois anos tem mantido o real próximo aos R$ 5,05, refletindo a desvalorização das moedas emergentes. Ele ressalta que a recente desvalorização do real em relação a seus pares é influenciada por fatores domésticos, como incertezas fiscais e inflacionárias.