O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que “a política monetária atual é restritiva” e que, daqui pra frente, será preciso avaliar os atrasos nos efeitos de tal restrição além dos impactos do aperto de crédito no setor bancário.
Para Powell, até pouco tempo atrás, “era claro que seria necessário um maior endurecimento das políticas”, mas “os riscos de fazer muito ou fazer pouco [em relação à política monetária] estão se tornando mais equilibrados e nossa política foi ajustada para refletir esse fato”.
O presidente do Fed comentou durante painel na Conferência Thomas Laubach que, apesar do sistema bancário norte-americano estar “resiliente e bem posicionado para lidar com os desafios atuais”, as recentes crises no setor forçaram as instituições a tornarem sua política de crédito mais restritiva.
“Enquanto as ferramentas de estabilidade financeira ajudaram a acalmar as condições no setor bancário, os desenvolvimentos nessa área, por outro lado, estão contribuindo para condições de crédito mais restritivas”, explicou.
Assim, isso deve “pesar nas contratações e na inflação. Como resultado, nossa taxa básica de juros pode não precisar subir tanto quanto precisaria para atingir nossas metas”.
Powell apontou que a atual folga no mercado de trabalho norte-americano não causou necessariamente a alta inflacionária, mas se torna cada vez mais um fator na continuidade dela.
Para ilustrar seu ponto, Powell citou como a mior parte da População Economicamente Ativa está, atualmente, empregada no setor de serviços não-imobiliários, “uma das áreas onde a inflação é mais persistente”.
Por outro lado, ele explicou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) vem procurando olhar outras medidas alternativas para avaliar o mercado de trabalho que podem estar indicando um aperto maior do que a taxa de desemprego sugere. Em abril, o índice caiu para 3,4%, a mais baixa desde 1969.
Por fim, Powell disse ser difícil prever possíveis choques de oferta futuros no caminho da inflação, mas que o papel do banco central é manter estabilidade de preços ocorram essas disrupções ou não.
Julio Viana / Agência CMA
Imagem: Piqsels