Em teleconferência de resultados relativa ao primeiro trimestre de 2023, a Minerva Foods sinalizou que a maioria da rentabilidade ao longo do ano deverá ser obtida com as exportações de carne bovina do que nos negócios envolvendo o mercado doméstico no Brasil.
Segundo o CFO da Minerva Foods, Edison Ticle, a Minerva não observa grandes perspectivas de melhora nos negócios no Brasil diante da inflação, que vem corroendo a massa de salário real da população, e do desemprego, que está aumentando. “Além disso, o ciclo pecuário deve seguir trazendo pressão ou um quadro de estabilidade no preço da arroba do boi”, afirma.
Para o CEO da Minerva Foods, Fernando Queiroz, a redução da oferta de gado nos Estados Unidos abre grandes oportunidades de negócios para a Minerva Foods na exportação para esse mercado, bem como para o México, Japão, Coreia, Taiwan e outros. “Os grandes mercados para a Minerva nesse ano estão nas exportações”, sinaliza.
No que tange aos preços da arroba do boi no Brasil, Ticle entende que o grande ciclo de oferta de gado vem contribuindo para que eles caiam. “Teremos um ano bom em termos de oferta, que tende a ser melhor ainda em 2024. Por trabalharmos com um cenário conservador, esperamos que os preços do boi no Brasil recuem neste ano e que no próximo, as cotações possam vir a ficar estáveis frente ao patamar esperado para 2023”, pontua.
Mercado internacional segue com fundamentos positivos
Em teleconferência de resultados relativos ao primeiro trimestre de 2023, a Minerva Foods destacou que o mercado internacional de carne bovina segue com fundamentos muito positivos. “Tal cenário deve favorecer especialmente os países da América do Sul, com o aumento na disponibilidade de animais, o que proporciona uma oportunidade única para as exportações, somado ao quadro de restrição de oferta de gado nos Estados Unidos”, explica o CEO da Minerva Foods, Fernando Queiroz.
Queiroz sinaliza que o mundo ainda enfrenta dificuldades sanitárias, determinados pelos casos recentes de gripe aviária na Europa e nas Américas, bem como pela continuidade dos problemas com a peste suína africana no mercado asiático. “Há ainda a questão do clima, que acabou gerando uma inflação de custos, o que gerou oportunidades para os mercados de carne bovina da América do Sul”, afirma.
O executivo entende que a disponibilidade global de carne bovina seguirá apertada, com a restrição de gado nos Estados Unidos nos próximos trimestres, trazendo uma menor oferta e custos maiores. Por outro lado, o Brasil registra um aumento da disponibilidade de gado, por conta do ciclo pecuário, o que aumenta a sua competitividade. “Também temos uma conjugação de novas oportunidades comerciais com as recentes habilitações para o Canadá, Indonésia e México”, disse.
Queiroz comenta ainda que a abertura do México ao Brasil deverá criar dificuldades ainda maiores para os Estados Unidos, que já enfrenta problema de oferta com a restrição de gado. Ele lembra que os mexicanos são extremamente dependentes do mercado estadunidense em carne bovina. “Tivemos seis plantas habilitadas para o México em março e uma planta autorizada a exportar para a Indonésia em janeiro, o que deve contribuir para boas oportunidades de negócios para a companhia”, finaliza.
Empresa sinaliza que preço de exportação está reagindo
A Minerva Foods destacou que o preço de exportação pago pela carne bovina brasileira está reagindo gradativamente, de acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O CFO da Minerva Foods, Edison Ticle, salienta, porém, que os números que vêm sendo apresentados pela Secex não estão refletindo a realidade dos embarques. “O mercado muitas vezes tem fica desesperado com a queda observada nos volumes de exportação de carne bovina. Mas é preciso dizer que há um delay de quase dois meses nos números apresentados frente à realidade”, comenta.
De modo geral, Ticle acredita que deve haver um cenário otimista em termos de embarques ao longo do ano, com a retomada das vendas do Brasil à China, muito embora a perspectiva seja de que os volumes fiquem mais concentrados no terceiro trimestre.
Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
Revisão: Cynara Escobar / Agência CMA
Imagem: Divulgação