O secretário executivo do Ministério da Fazenda e indicado para ocupar a diretoria de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse há pouco que não recebeu nenhuma sinalização por parte do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que vai substituir Roberto Campos Neto na presidência do BC no futuro. Galípolo evitou comentar a ata do Copom, divulgada pela manhã, se disse honrado pelo convite e que vai buscar a harmonia entre as políticas monetária e fiscal.
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“Estou honrado com a indicação do presidente da República para um cargo tão relevante. A confiança também do ministro Haddad nesse período que passei aqui e na indicação também. Estou muito contente com a vinda do Dario Durigan – que vai substituí-lo na pasta – pra cá, que é um grande reforço para o Ministério da Fazenda”, disse.
Segundo Galípolo, Haddad vem dizendo que ele está tentando evitar um equívoco que acontece há muito tempo na economia brasileira que “é você ter uma política monetária que vai para um lado e uma política fiscal que vai para um lado oposto. Esse tipo de convergência entre estas políticas é essencial”.
O secretário disse ter uma boa relação com Roberto Campos Neto desde o início do governo. “Tenho uma boa relação com a diretoria. O que não significa que todo mundo vai pensar igual. A conversa sempre se deu da melhor maneira possível. Há uma grande afinidade com o ministro Haddad e a intenção é facilitar essa convergência das duas políticas”.
Segundo Galípolo, “todo mundo quer baixar os juros. Tenho convicção que a diretoria do BC não tem satisfação pessoal ou profissional com juros mais altos. O que vem sendo feito pela Fazenda é tentar criar um ambiente para que o mercado possa colocar os preços de uma maneira adequada e que o Banco Central possa sancionar essa redução de juros”.
Sobre ser a voz dissonante dentro da diretoria do BC, Galípolo disse que antes de tudo tem que respeitar o Senado e a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). “A aprovação do meu nome ainda precisa ocorrer pela CAE. Espero que a gente possa produzir consenso e caminhar numa lógica que faça mais sentido”.
Sobre as críticas do mercado com o alinhamento dele com Haddad e Lula, Galípolo disse considerar que “estranho seria indicar alguém que não estivesse alinhado com o governo”. Para ele, está sendo cumprido o que prevê a lei da autonomia do Banco Central. “Cada governo que chegar vai indicar os seus diretores. Não há nada contra a lei indicar alguém que está no governo”.
Galípolo evitou comentar a ata do Copom. “Acho inadequado, pois estou sujeito a uma aprovação. Seria precipitado da minha parte”. Sobre a inflação, as projeções vindas do Focus e do BC vêm sinalizando que realmente tem uma redução nas projeções para frente da inflação, disse. “Mas as atas vêm mostrando que eles consideram uma série de outros condicionantes para determinar a taxa de juros”, disse reforçando achar inadequado comentar a ata.
Galípolo disse que não recebeu sinalização de Haddad se vai ocupar a presidência do BC a partir de 2025. “O que conversei com o ministro, e o presidente também sabe disso, é que eu não vim para cá para ter um projeto de carreira pessoal. Estou aqui para tentar colaborar com o projeto”.
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