O relatório do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre estabilidade financeira mostra que o tumulto nas instituições de médio porte fez com que os bancos apertassem os padrões de empréstimo tanto para famílias quanto para empresas, potencialmente representando uma ameaça ao crescimento econômico.
“Os mercados financeiros normalizaram-se e os fluxos de depósitos estabilizaram desde março, embora alguns bancos que registaram grandes saídas de depósitos tenham continuado a sentir tensão. Esta evolução poderá pesar sobre as condições de crédito no futuro”, alerta o Fed no documento.
A pesquisa trimestral ‘Senior Loan Officer Opinion’ do Fed mostrou que os requisitos ficaram mais rígidos para empréstimos comerciais e industriais, além de para muitos instrumentos de dívida das famílias, como hipotecas, linhas de crédito e cartões de crédito.
“Os 12 meses seguintes à taxa de calote dos empréstimos aumentou moderadamente, mas permaneceu ligeiramente abaixo da sua mediana histórica, enquanto a taxa de calote esperada para o próximo ano aumentou moderadamente, sugerindo uma ligeira deterioração do crédito”, detalha o relatório.
Os responsáveis pelos empréstimos explicam que os problemas devam persistir ao longo do próximo ano, devido, em grande parte, à diminuição das expectativas de crescimento econômico, além dos receios sobre saídas de depósitos e à redução da tolerância ao risco.
Questionados sobre as suas expectativas para o próximo ano, os consultados pela pesquisa deram uma perspectiva bastante sombria do que vem por aí.
“Os bancos relataram esperar apertar os padrões em todas as categorias de empréstimos”, disse o relatório. “Os bancos citaram com mais frequência uma deterioração esperada na qualidade de crédito de suas carteiras de empréstimos e nos valores das garantias dos clientes, uma redução na tolerância ao risco e preocupações com custos de financiamento bancário, posição de liquidez bancária e saídas de depósitos como razões para esperar um endurecimento dos padrões de empréstimo no resto de 2023”.
Em particular, o relatório mostrou “padrões mais rígidos e demanda mais fraca” por empréstimos comerciais e industriais, um importante termômetro para o crescimento econômico. Essas condições foram observadas em empresas de todos os tamanhos.
Darlan de Azevedo / Agência CMA
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